amigos, infelizmente, como vocês já devem ter notado pela freqüência de posts, a verdade é que não tenho tempo para me dedicar a todos os blogs que criei, e este será sacrificado! não incluirei novos posts neste espaço. textos sobre o tema, que continua me interessando deveras, poderão ser eventualmente postados no meu blog pessoal.
como não consigo abandonar de vez a luta, deixo também o link para a pasta de ítens compartilhados do meu reader, em que pretendo destacar posts interessantes de gente mais ativa que eu (já que não tenho tempo pra escrever, assim eu poupo o copy'n'paste, ráite?)
nos vemos por aí, valeu!
segunda-feira, 30 de junho de 2008
domingo, 27 de abril de 2008
História e novidades do MSM
(por Eduardo Guimarães, fundador do MSM, em seu blog Cidadania.com)

Antes de comunicar a vocês uma novidade, quero explicar àqueles que começaram a ler este blog há pouco tempo alguma coisa sobre a ONG Movimento dos Sem Mídia.
O Movimento nasceu informalmente neste blog no início de setembro do ano passado. O país vivia um momento de grande tensão. Na semana em que propus aqui um ato público que originaria o MSM, repórteres fotográficos da Globo tinham conseguido perscrutar os lep tops dos ministros do Supremo Tribunal Federal reunidos em sessão no plenário daquela instituição para julgarem os que foram denunciados à Justiça por conta do escândalo do mensalão, entre os quais figurava o ex-ministro José Dirceu.
A gota d'água para que eu e os leitores deste blog consensuássemos que alguma coisa precisava ser feita para manifestar publicamente quantos setores da sociedade não suportavam mais a verdadeira chacota que a grande mídia estava fazendo do país, foi a declaração do ministro da Suprema Corte Ricardo Lewandovsky de que a instituição que integrava tinha votado com "faca no pescoço" pela aceitação de boa parte das denúncias do procurador-geral da República.
A cada post que eu escrevia, explodia o número de comentários indignados e essa indignação se espalhava pela blogosfera. Foi então que, no dia primeiro de setembro de 2007, escrevi um texto intitulado "Isso tem que parar", e publiquei aqui. O texto exortava os leitores do Cidadania a tomarem uma atitude.
Propus que nos cotizássemos para comprar um megafone para irmos para diante de um grande meio de comunicação ler um Manifesto, que me propus a escrever e o qual submeti ao escrutínio dos leitores do Cidadania. E propus que a manifestação fosse no décimo-quinto dia do mês, um sábado, às dez horas da manhã diante da sede do jornal Folha de São Paulo.
Enquanto os dias passavam, espalhava-se pela blogosfera a notícia de que um grupo de internautas reunidos em um blog, sob convocação do blogueiro responsável (eu) faria um tipo de ato solene que, até então, não acontecia desde, talvez, o momento imediatamente posterior ao suicídio de Getúlio Vargas, quando a população se revoltou contra meios de comunicação que o fustigaram até o desespero, ao ponto de terem provocado seu suicídio.
Nos dois ou três dias anteriores ao ato público, jornalistas como Luis Carlos Azenha (Vi o Mundo), Paulo Henrique Amorim (Conversa Afiada), Renato Rovai (revista Fórum), Ricardo Kauffman (Terra), a revista Caros Amigos, o Jornal Hora do Povo, o Portal Imprensa, o site Vermelho e muitos outros cobriam intensamente cada passo, cada preparativo para o ato diante da Folha.
Ao ato propriamente dito acorreram quase duas centenas de pessoas, algumas provenientes de outras cidades e até de outros Estados, como Santa Catarina e Rio de Janeiro. Alguns levaram os filhos pequenos, outros levaram pais idosos, outros mais mandaram fazer camisetas e faixas com bordões previamente acordados aqui no blog. Foi uma manifestação solene e, ao mesmo tempo, alegre. E, sobretudo, civilizada.
À partir das 10 horas daquela manhã ensolarada de sábado, as pessoas foram chegando e se juntando na calçada oposta àquela em que fica a sede da Folha, na Alameda Barão de Limeira, em São Paulo. Quando a larga calçada já não comportava mais gente, anunciei ao megafone que seria lido o Manifesto. Uma jornalista do veículo desceu com um fotógrafo e registraram tudo. A Folha deu uma nota de meia dúzia de linhas ao pé de uma extensa reportagem sobre um outro ato público, só que contra o governo Lula, que aconteceu no mesmo dia e reuniu a mesma quantidade de gente.
Os dias foram passando e, diante dos acontecimentos, propus aos leitores deste blog que transformássemos a atitude que tínhamos dado numa ação permanente da sociedade civil criando uma ONG, que chamaríamos de Movimento dos Sem Mídia. E convoquei uma assembléia constitutiva da ONG, que ocorreu em 13 de outubro do ano passado, menos de um mês depois do ato diante da Folha. Naquele dia, a ONG nasceu oficialmente.
Ainda fizemos outro ato público diante da sede das Organizações Globo em São Paulo e uma plenária com integrantes da ONG no Rio de Janeiro. E, no mês passado, o MSM protocolou na sede do Ministério Público Federal no Estado de São Paulo Representação contra vários meios de comunicação por terem promovido alarma social no caso da epidemia inexistente de febre amarela que, em janeiro deste ano, aqueles veículos venderam à população que estaria acontecendo no país.
Fui informado hoje (sexta-feira) à tarde, pela assessoria jurídica do MSM, de que a Representação ao Ministério Público Federal em 17 de março deste ano teve novo andamento. Receberei na próxima segunda-feira fotocópias do que foi acrescido ao processo investigativo aberto pelo MPF para investigar se Globo, Folha, Estadão, Veja, Isto É, Jornal do Brasil e Correio Brasiliense cometeram crime de alarma social, levando cidadãos a se vacinarem contra a febre amarela sem necessidade, o que provocou adoecimento e internação hospitalar de dezenas de pessoas e ao menos uma morte. Então reproduzirei esses documentos aqui.
Também quero anunciar que o site do MSM está em fase de conclusão. Devido às dificuldades financeiras que tem uma ONG ainda nascitura, tive que me virar, por conta de minhas obrigações como presidente, para conseguir fazer o site dentro de nossas limitações orçamentárias. Graças ao diretor da ONG Ricardo Veronez, que é webdesigner, pudemos fazer o site, até agora, sem grandes custos. Até meados de maio, portanto, deverá entrar no ar o site do MSM.
Essa é a história que uma entidade da sociedade civil está escrevendo. Essa centena e meia de homens e mulheres de todo pais filiados ao MSM e que contribuem para sua sobrevivência, com sua fé na causa que os convoquei a abraçarmos, honraram-me elegendo-me presidente da organização. Meu mandato terminará em cerca de um ano e meio e, até lá, quero entregar, pronto e acabado, um instrumento da sociedade civil com site, atos, uma biblioteca própria, uma sede e recursos para que a sociedade possa reagir aos abusos da mídia.
Observação: o marco inicial do MSM, com fotos e detalhes, pode ser encontrado no arquivo deste blog na data 15 de setembro. Para acessar esses arquivos, clique aqui.
Antes de comunicar a vocês uma novidade, quero explicar àqueles que começaram a ler este blog há pouco tempo alguma coisa sobre a ONG Movimento dos Sem Mídia.
O Movimento nasceu informalmente neste blog no início de setembro do ano passado. O país vivia um momento de grande tensão. Na semana em que propus aqui um ato público que originaria o MSM, repórteres fotográficos da Globo tinham conseguido perscrutar os lep tops dos ministros do Supremo Tribunal Federal reunidos em sessão no plenário daquela instituição para julgarem os que foram denunciados à Justiça por conta do escândalo do mensalão, entre os quais figurava o ex-ministro José Dirceu.
A gota d'água para que eu e os leitores deste blog consensuássemos que alguma coisa precisava ser feita para manifestar publicamente quantos setores da sociedade não suportavam mais a verdadeira chacota que a grande mídia estava fazendo do país, foi a declaração do ministro da Suprema Corte Ricardo Lewandovsky de que a instituição que integrava tinha votado com "faca no pescoço" pela aceitação de boa parte das denúncias do procurador-geral da República.
A cada post que eu escrevia, explodia o número de comentários indignados e essa indignação se espalhava pela blogosfera. Foi então que, no dia primeiro de setembro de 2007, escrevi um texto intitulado "Isso tem que parar", e publiquei aqui. O texto exortava os leitores do Cidadania a tomarem uma atitude.
Propus que nos cotizássemos para comprar um megafone para irmos para diante de um grande meio de comunicação ler um Manifesto, que me propus a escrever e o qual submeti ao escrutínio dos leitores do Cidadania. E propus que a manifestação fosse no décimo-quinto dia do mês, um sábado, às dez horas da manhã diante da sede do jornal Folha de São Paulo.
Enquanto os dias passavam, espalhava-se pela blogosfera a notícia de que um grupo de internautas reunidos em um blog, sob convocação do blogueiro responsável (eu) faria um tipo de ato solene que, até então, não acontecia desde, talvez, o momento imediatamente posterior ao suicídio de Getúlio Vargas, quando a população se revoltou contra meios de comunicação que o fustigaram até o desespero, ao ponto de terem provocado seu suicídio.
Nos dois ou três dias anteriores ao ato público, jornalistas como Luis Carlos Azenha (Vi o Mundo), Paulo Henrique Amorim (Conversa Afiada), Renato Rovai (revista Fórum), Ricardo Kauffman (Terra), a revista Caros Amigos, o Jornal Hora do Povo, o Portal Imprensa, o site Vermelho e muitos outros cobriam intensamente cada passo, cada preparativo para o ato diante da Folha.
Ao ato propriamente dito acorreram quase duas centenas de pessoas, algumas provenientes de outras cidades e até de outros Estados, como Santa Catarina e Rio de Janeiro. Alguns levaram os filhos pequenos, outros levaram pais idosos, outros mais mandaram fazer camisetas e faixas com bordões previamente acordados aqui no blog. Foi uma manifestação solene e, ao mesmo tempo, alegre. E, sobretudo, civilizada.
À partir das 10 horas daquela manhã ensolarada de sábado, as pessoas foram chegando e se juntando na calçada oposta àquela em que fica a sede da Folha, na Alameda Barão de Limeira, em São Paulo. Quando a larga calçada já não comportava mais gente, anunciei ao megafone que seria lido o Manifesto. Uma jornalista do veículo desceu com um fotógrafo e registraram tudo. A Folha deu uma nota de meia dúzia de linhas ao pé de uma extensa reportagem sobre um outro ato público, só que contra o governo Lula, que aconteceu no mesmo dia e reuniu a mesma quantidade de gente.
Os dias foram passando e, diante dos acontecimentos, propus aos leitores deste blog que transformássemos a atitude que tínhamos dado numa ação permanente da sociedade civil criando uma ONG, que chamaríamos de Movimento dos Sem Mídia. E convoquei uma assembléia constitutiva da ONG, que ocorreu em 13 de outubro do ano passado, menos de um mês depois do ato diante da Folha. Naquele dia, a ONG nasceu oficialmente.
Ainda fizemos outro ato público diante da sede das Organizações Globo em São Paulo e uma plenária com integrantes da ONG no Rio de Janeiro. E, no mês passado, o MSM protocolou na sede do Ministério Público Federal no Estado de São Paulo Representação contra vários meios de comunicação por terem promovido alarma social no caso da epidemia inexistente de febre amarela que, em janeiro deste ano, aqueles veículos venderam à população que estaria acontecendo no país.
Fui informado hoje (sexta-feira) à tarde, pela assessoria jurídica do MSM, de que a Representação ao Ministério Público Federal em 17 de março deste ano teve novo andamento. Receberei na próxima segunda-feira fotocópias do que foi acrescido ao processo investigativo aberto pelo MPF para investigar se Globo, Folha, Estadão, Veja, Isto É, Jornal do Brasil e Correio Brasiliense cometeram crime de alarma social, levando cidadãos a se vacinarem contra a febre amarela sem necessidade, o que provocou adoecimento e internação hospitalar de dezenas de pessoas e ao menos uma morte. Então reproduzirei esses documentos aqui.
Também quero anunciar que o site do MSM está em fase de conclusão. Devido às dificuldades financeiras que tem uma ONG ainda nascitura, tive que me virar, por conta de minhas obrigações como presidente, para conseguir fazer o site dentro de nossas limitações orçamentárias. Graças ao diretor da ONG Ricardo Veronez, que é webdesigner, pudemos fazer o site, até agora, sem grandes custos. Até meados de maio, portanto, deverá entrar no ar o site do MSM.
Essa é a história que uma entidade da sociedade civil está escrevendo. Essa centena e meia de homens e mulheres de todo pais filiados ao MSM e que contribuem para sua sobrevivência, com sua fé na causa que os convoquei a abraçarmos, honraram-me elegendo-me presidente da organização. Meu mandato terminará em cerca de um ano e meio e, até lá, quero entregar, pronto e acabado, um instrumento da sociedade civil com site, atos, uma biblioteca própria, uma sede e recursos para que a sociedade possa reagir aos abusos da mídia.
Observação: o marco inicial do MSM, com fotos e detalhes, pode ser encontrado no arquivo deste blog na data 15 de setembro. Para acessar esses arquivos, clique aqui.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
"Caso Isabella virou novela doentia"

fonte da charge: tinta china
fonte do texto: terra magazine
Por Claudio Leal
A morte de Isabella Nardoni, 5 anos, deu início a uma novela midiática à procura de desfecho. Em 29 de março, a menina morreu após uma queda da janela do apartamento do pai, Alexandre, na Zona Norte de São Paulo. A polícia investiga a autoria do crime e tem como principais suspeitos o pai e a madrasta de Isabella, Anna Carolina.
Há indícios de que ela tenha sido assassinada. Esse é o enredo central. O resto, segundo o antropólogo Roberto Albergaria, é a construção de uma novela "trágica" e "doentia".
Doutor em Antropologia pela Universidade de Paris VII e professor da Universidade Federal da Bahia, Albergaria critica os exageros da cobertura midiática e aponta uma abordagem "classista" e "racialista" do crime. "Porque é uma menina de classe média, bonitinha, e aí vem a estética", afirma.
- Há um lado doentio, e quem alimenta essa doença, que se tornou uma epidemia como a dengue, é a própria mídia. Porque há um viés "comunicacionista" ao se alimentar de forma mórbida uma história trágica. E transformar essa história trágica numa novela, no mesmo estilo das novelas das grandes televisões: mexicana.
Reviravoltas, vídeos da menina, sangue nas camisas, testemunhas surpreendentes (o garçom do bar em que a tia de Isabella estava no dia da morte), os parentes, os vizinhos (personagens fatais na obra de Nelson Rodrigues), compõem o painel da novela. Para Albergaria, o crime virou "metade da pauta da mídia durante semanas e semanas".
- O caso da menina veio a calhar para a mídia porque junta todas essas determinações: o classismo, o racialismo, o infantilismo... E, sobretudo, o "comunicacionismo", uma das coisas mais doentias que existe hoje. É você explorar algumas misérias, seletivamente, como forma de emocionar as multidões.
O antropólogo enxerga outra distorção: ajudada pelo mistério, a novela em que se transformou o caso Isabella vale mais do que os fatos, e tira do debate público temas mais relevantes.
- A mídia é o grande filtro. O espaço ocupado por essa menina é o espaço retirado de coisas muito mais importantes para a vida coletiva. Mas isso é um fato emocionante. A emoção vale mais do que a razão. A novela, o enredo, vale mais do que o fato - analisa Albergaria.
Clique aqui para a íntegra da entrevista.
quinta-feira, 10 de abril de 2008
IstoÉ manipula foto para proteger Serra
(Fonte: Agência Brasil de Fato)
A revista IstoÉ desta semana mostra – para poucos – que a campanha eleitoral já começou e de que lado está. Para proteger o PSDB e o governador de São Paulo, José Serra, a publicação, contrariando todas as regras do jornalismo, apagou a inscrição "Fora Serra" de uma foto feita durante um protesto do MST e do MAB contra a privatização da Cesp.
Mais que isso, o resultado visual inverte o significado da imagem que traz uma placa de trânsito "Pare", como se quem devessem parar fossem os movimentos, e não as privatizações.
A adulteração de uma foto – passível de processo pelo detentor de seus direitos autorais, no caso a Folha de São Paulo – é plenamente possível hoje em dia com o uso de um programa para tratamento de imagens, como o Photoshop por exemplo, mas é prática condenada no meio jornalístico. O fato escancara o poder de influência camuflada que os meios de comunicação de massa tem para atuar como o que vem sendo chamado de "Partido da Mídia" (PM).
A foto adulterada, de autoria do fotógrafo Cristiano Machado, ilustra a matéria "O MST contra o desenvolvimento" e mostra integrantes de movimentos sociais bloqueando a rodovia Arlindo Bétio, que liga São Paulo a Mato Grosso do Sul e Paraná, em protesto contra a privatização da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), no dia 24 de março.
A legenda diz "A exemplo do que ocorreu em São Paulo, em protesto contra a privatização da Cesp, os sem-terra prometem parar estradas em todo o país nos próximos dias".
A reportagem assinada por Octávio Costa e Sérgio Pardellas criminaliza os movimentos sociais sustentando que "os sem-terra ameaçam empresas e investimentos que geram empregos e qualidade de vida", sem mencionar que a Aracruz Celulose, a Monsanto, a Cargill, a Bunge e a Vale – citadas pela matéria como exemplos de empresas prejudicadas – respondem a acusações de destruição do meio ambiente, desrespeito aos direitos de povos tradicionais, como quilombolas e indígenas, e exploração de trabalhadores. A matéria tenta desautorizar o MST como um ator político que vá além da luta pela reforma agrária. Diz que "desde 2006, o MST lidera ataques à globalização, ao neoliberalismo e às privatizações – algo que nada tem a ver com a sua luta original".
Nada é por acaso
A editora Três, que publica a revista IstoÉ, é controlada pelo acionista majoritário do banco Opportunity, Daniel Dantas. O banqueiro tem ligações com fundos de pensões, além de uma participação ativa no processo de privatizações de estatais sobretudo durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Em 2007, Dantas superou a concorrência da Rede Record e comprou 51% das ações da editora Três, que estava à beira da falência.
O banqueiro tem uma trajetória de proximidade com outros partidos de direita como o DEM, sobretudo com o falecido político baiano Antonio Carlos Magalhães. Também foi sócio do publicitário tucano Nizan Guanaes. Por diversas vezes, foi alvo de investigações e respondeu a crimes como espionagem e formação de quadrilha. Quando estava à frente da Brasil Telecom, foi acusado de contratar a empresa Kroll para espionar a Telecom Italia.
A revista IstoÉ desta semana mostra – para poucos – que a campanha eleitoral já começou e de que lado está. Para proteger o PSDB e o governador de São Paulo, José Serra, a publicação, contrariando todas as regras do jornalismo, apagou a inscrição "Fora Serra" de uma foto feita durante um protesto do MST e do MAB contra a privatização da Cesp.
Mais que isso, o resultado visual inverte o significado da imagem que traz uma placa de trânsito "Pare", como se quem devessem parar fossem os movimentos, e não as privatizações.
A adulteração de uma foto – passível de processo pelo detentor de seus direitos autorais, no caso a Folha de São Paulo – é plenamente possível hoje em dia com o uso de um programa para tratamento de imagens, como o Photoshop por exemplo, mas é prática condenada no meio jornalístico. O fato escancara o poder de influência camuflada que os meios de comunicação de massa tem para atuar como o que vem sendo chamado de "Partido da Mídia" (PM).
A foto adulterada, de autoria do fotógrafo Cristiano Machado, ilustra a matéria "O MST contra o desenvolvimento" e mostra integrantes de movimentos sociais bloqueando a rodovia Arlindo Bétio, que liga São Paulo a Mato Grosso do Sul e Paraná, em protesto contra a privatização da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), no dia 24 de março.
A legenda diz "A exemplo do que ocorreu em São Paulo, em protesto contra a privatização da Cesp, os sem-terra prometem parar estradas em todo o país nos próximos dias".
A reportagem assinada por Octávio Costa e Sérgio Pardellas criminaliza os movimentos sociais sustentando que "os sem-terra ameaçam empresas e investimentos que geram empregos e qualidade de vida", sem mencionar que a Aracruz Celulose, a Monsanto, a Cargill, a Bunge e a Vale – citadas pela matéria como exemplos de empresas prejudicadas – respondem a acusações de destruição do meio ambiente, desrespeito aos direitos de povos tradicionais, como quilombolas e indígenas, e exploração de trabalhadores. A matéria tenta desautorizar o MST como um ator político que vá além da luta pela reforma agrária. Diz que "desde 2006, o MST lidera ataques à globalização, ao neoliberalismo e às privatizações – algo que nada tem a ver com a sua luta original".
Nada é por acaso
A editora Três, que publica a revista IstoÉ, é controlada pelo acionista majoritário do banco Opportunity, Daniel Dantas. O banqueiro tem ligações com fundos de pensões, além de uma participação ativa no processo de privatizações de estatais sobretudo durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Em 2007, Dantas superou a concorrência da Rede Record e comprou 51% das ações da editora Três, que estava à beira da falência.
O banqueiro tem uma trajetória de proximidade com outros partidos de direita como o DEM, sobretudo com o falecido político baiano Antonio Carlos Magalhães. Também foi sócio do publicitário tucano Nizan Guanaes. Por diversas vezes, foi alvo de investigações e respondeu a crimes como espionagem e formação de quadrilha. Quando estava à frente da Brasil Telecom, foi acusado de contratar a empresa Kroll para espionar a Telecom Italia.
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Na íntegra, o dossiê contra o casal FHC
(do blog do Noblat)
A VEJA revelou há duas semanas a existência de um dossiê montado pelo governo sobre despesas sigilosas do casal Fernando Henrique e Ruth Cardoso na época em que ele morava no Palácio da Alvorada.
Na semana passada, a Folha de S. Paulo publicou que o dossiê foi produzido por auxiliares da ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil.
Tanto a VEJA quanto a Folha citaram algumas informações reunidas no dossiê. Mas nenhum veículo até hoje o publicou na íntegra - sequer parcialmente.
É o que faz agora este blog. Clicando no pé desta nota, você poderá conhecer na íntegra o dossiê que circulou no Congresso e que foi vazado pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Limitei-me a escanear o dossiê. E a inserir o logotipo deste blog entre cada uma de suas páginas.
O dossiê lista 35 despesas feitas pela ex-primeira-dama Ruth Cardoso. Elas ultrapassam por pouco a casa dos R$ 53 mil.
Por sinal, dona Ruth é o nome mais ilustre citado nas 13 páginas de planilhas com gastos dos anos de 1998, 1999 e 2001. Não aparecem gastos referentes a 2000 e 2002.
Com exceção de um porta-retrato no valor de 100 dólares dado de presente a um oficial colombiano, as demais despesas de dona Ruth têm a ver com o aluguel de carros.
Como adiantou, ontem, o blog, existe uma parte do dossiê que permanece inédita.
Segue, aqui, a íntegra do dossiê que tem causado tanto barulho dentro e fora do Congresso. Duas das 13 páginas foram reunidas em uma só.
Você poderá abrir o arquivo só para ler ou baixá-lo se preferir. Aumente o tamanho das letras para ler melhor.
Leia mais:
Foi a oposição que divulgou dossiê do governo contra FHC
Álvaro Dias se recusa a entregar sua fonte
Álvaro Dias: Quem deve estar chateado é Lula
Notícia é para ser publicada. E ponto
A VEJA revelou há duas semanas a existência de um dossiê montado pelo governo sobre despesas sigilosas do casal Fernando Henrique e Ruth Cardoso na época em que ele morava no Palácio da Alvorada.
Na semana passada, a Folha de S. Paulo publicou que o dossiê foi produzido por auxiliares da ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil.
Tanto a VEJA quanto a Folha citaram algumas informações reunidas no dossiê. Mas nenhum veículo até hoje o publicou na íntegra - sequer parcialmente.
É o que faz agora este blog. Clicando no pé desta nota, você poderá conhecer na íntegra o dossiê que circulou no Congresso e que foi vazado pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Limitei-me a escanear o dossiê. E a inserir o logotipo deste blog entre cada uma de suas páginas.
O dossiê lista 35 despesas feitas pela ex-primeira-dama Ruth Cardoso. Elas ultrapassam por pouco a casa dos R$ 53 mil.
Por sinal, dona Ruth é o nome mais ilustre citado nas 13 páginas de planilhas com gastos dos anos de 1998, 1999 e 2001. Não aparecem gastos referentes a 2000 e 2002.
Com exceção de um porta-retrato no valor de 100 dólares dado de presente a um oficial colombiano, as demais despesas de dona Ruth têm a ver com o aluguel de carros.
Como adiantou, ontem, o blog, existe uma parte do dossiê que permanece inédita.
Segue, aqui, a íntegra do dossiê que tem causado tanto barulho dentro e fora do Congresso. Duas das 13 páginas foram reunidas em uma só.
Você poderá abrir o arquivo só para ler ou baixá-lo se preferir. Aumente o tamanho das letras para ler melhor.
Leia mais:
Foi a oposição que divulgou dossiê do governo contra FHC
Álvaro Dias se recusa a entregar sua fonte
Álvaro Dias: Quem deve estar chateado é Lula
Notícia é para ser publicada. E ponto
terça-feira, 1 de abril de 2008
Abaixo-assinado contra o Trabalho Escravo no Brasil
Texto do abaixo-assinado:
"O Congresso Nacional tem a oportunidade de promover a Segunda Abolição da Escravidão no Brasil. Para isso, é necessário confiscar a terra dos que utilizam trabalho escravo. A expropriação das terras onde for flagrada mão-de-obra escrava é medida justa e necessária e um dos principais meios para eliminar a impunidade.
A Constituição do Brasil afirma que toda propriedade rural deve cumprir função social. Portanto, não pode ser utilizada como instrumento de opressão ou submissão de qualquer pessoa. Porém, o que se vê pelo país, principalmente nas regiões de fronteira agrícola, são casos de fazendeiros que, em suas terras, reduzem trabalhadores à condição de escravos - crime previsto no artigo 149 do Código Penal. Desde 1995, mais de 28 mil pessoas foram libertadas dessas condições pelo governo federal.
Privação de liberdade e usurpação da dignidade caracterizam a escravidão contemporânea. O escravagista é aquele que rouba a dignidade e a liberdade de pessoas. Escravidão é violação dos direitos humanos e deve ser tratada como tal. Se um proprietário de terra a utiliza como instrumento de opressão, deve perdê-la, sem direito a indenização.
Por isso, nós, abaixo-assinados, exigimos a aprovação imediata da Proposta de Emenda Constitucional 438/2001, que prevê o confisco de terras onde trabalho escravo foi encontrado e as destina à reforma agrária. A proposta passou pelo Senado Federal, em 2003, e foi aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados em 2004. Desde então, está parada, aguardando votação.
É hora de abolir de vez essa vergonha. Neste ano em que a Lei Áurea faz 120 anos, os senhores congressistas podem tornar-se parte da história, garantindo dignidade ao trabalhador brasileiro.
Pela aprovação imediata da PEC 438/2001!"
CLIQUE AQUI PARA ASSINAR
Este abaixo-assinado é de responsabilidade do "Movimento Nacional pela Aprovação da PEC 438 e pela Erradicação do Trabalho Escravo".
Integram o movimento: a Subcomissão de Combate ao Trabalho Escravo no Senado Federal, Subcomissão de Combate ao Trabalho Escravo, Degradante e Trabalho Infantil na Câmara dos Deputados, Secretaria Especial dos Direitos Humanos, OIT, CPT, Fórum Nacional da Reforma Agrária, MST, Via Campesina, Contag, Fetraf, Coetrae-MA, Coetrae-TO, CDVDH, CRS, Sinait, Anamatra, ANPT, ANPR, AMB, Ajufe, OAB, Abra,Grupo de Pesquisa Trabalho Escravo Contemporâneo, Movimento Humanos Direitos, Repórter Brasil, Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, entre outros.
"O Congresso Nacional tem a oportunidade de promover a Segunda Abolição da Escravidão no Brasil. Para isso, é necessário confiscar a terra dos que utilizam trabalho escravo. A expropriação das terras onde for flagrada mão-de-obra escrava é medida justa e necessária e um dos principais meios para eliminar a impunidade.
A Constituição do Brasil afirma que toda propriedade rural deve cumprir função social. Portanto, não pode ser utilizada como instrumento de opressão ou submissão de qualquer pessoa. Porém, o que se vê pelo país, principalmente nas regiões de fronteira agrícola, são casos de fazendeiros que, em suas terras, reduzem trabalhadores à condição de escravos - crime previsto no artigo 149 do Código Penal. Desde 1995, mais de 28 mil pessoas foram libertadas dessas condições pelo governo federal.
Privação de liberdade e usurpação da dignidade caracterizam a escravidão contemporânea. O escravagista é aquele que rouba a dignidade e a liberdade de pessoas. Escravidão é violação dos direitos humanos e deve ser tratada como tal. Se um proprietário de terra a utiliza como instrumento de opressão, deve perdê-la, sem direito a indenização.
Por isso, nós, abaixo-assinados, exigimos a aprovação imediata da Proposta de Emenda Constitucional 438/2001, que prevê o confisco de terras onde trabalho escravo foi encontrado e as destina à reforma agrária. A proposta passou pelo Senado Federal, em 2003, e foi aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados em 2004. Desde então, está parada, aguardando votação.
É hora de abolir de vez essa vergonha. Neste ano em que a Lei Áurea faz 120 anos, os senhores congressistas podem tornar-se parte da história, garantindo dignidade ao trabalhador brasileiro.
Pela aprovação imediata da PEC 438/2001!"
CLIQUE AQUI PARA ASSINAR
Este abaixo-assinado é de responsabilidade do "Movimento Nacional pela Aprovação da PEC 438 e pela Erradicação do Trabalho Escravo".
Integram o movimento: a Subcomissão de Combate ao Trabalho Escravo no Senado Federal, Subcomissão de Combate ao Trabalho Escravo, Degradante e Trabalho Infantil na Câmara dos Deputados, Secretaria Especial dos Direitos Humanos, OIT, CPT, Fórum Nacional da Reforma Agrária, MST, Via Campesina, Contag, Fetraf, Coetrae-MA, Coetrae-TO, CDVDH, CRS, Sinait, Anamatra, ANPT, ANPR, AMB, Ajufe, OAB, Abra,Grupo de Pesquisa Trabalho Escravo Contemporâneo, Movimento Humanos Direitos, Repórter Brasil, Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, entre outros.
sexta-feira, 28 de março de 2008
Top, top, top, ó PIG!

Avaliação positiva do governo Lula atinge maior nível desde 2003, diz CNI/Ibope
(da Folha Online)
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva registrou avaliação positiva de 58% em março deste ano, segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quinta-feira. O índice é o mais alto desde março de 2003, primeiro ano de Lula na Presidência da República. Somente 11% dos entrevistados avaliaram o governo federal como ruim ou péssimo, enquanto 30% consideraram a condução do governo como "regular".
Em dezembro de 2007, na última edição da pesquisa CNI/Ibope, a avaliação do governo foi de 51%. Em março de 2003, o índice de aprovação ao governo federal também foi de 51% – o que foi considerado pela CNI/Ibope como um crescimento considerável para a avaliação do governo federal.
Já a aprovação ao presidente Lula também cresceu em março deste ano. No total, 73% dos entrevistados aprovam a maneira do presidente governar o país. O índice também foi o segundo melhor registrado pela pesquisa.
Somente em março de 2003, a avaliação pessoal do presidente obteve índice maior, de 75%. Em março do ano passado, a avaliação de Lula foi aprovada por 55% dos entrevistados.
Confiança
No mesmo índice de crescimento, a confiança no presidente registrou índice de 68%, enquanto apenas 28% dos entrevistados afirmaram que não confiam em Lula.
Em dezembro do ano passado, o índice de confiança no presidente foi de 60%. Já em abril de 2006, o índice registrou 62%.
Segundo a CNI/Ibope, o movimento expressivo das avaliações positivas também repercutiu na expectativa em relação ao segundo mandato de Lula. Dos entrevistados, 42% afirmaram que o atual mandato de Lula está sendo melhor que primeiro. O percentual dos que consideram o segundo mandato pior que o primeiro caiu de 21% em dezembro para 16%.
A pesquisa ouviu 2.002 pessoas entre os dias 19 e 23 de março, em 141 municípios. A margem de erro é dois pontos percentuais para mais ou para menos.
sábado, 22 de março de 2008
Luis Inácio falou...
"Esses dias eu recebi aqui o ex-presidente de Portugal, Mário Soares. Ele veio aqui, como jornalista, fazer uma entrevista para a TV Pública de Portugal. Ao se sentar, no meu gabinete, ele falou assim para mim: 'Presidente, eu não estou entendendo. Eu leio a imprensa estrangeira e vejo que o Brasil está muito bem, eu converso com empresários estrangeiros e vejo que a economia brasileira está muito bem. Mas quando eu leio a imprensa brasileira eu penso que o Brasil acabou, parece que acabou o Brasil'."
(...)
"Em três anos já colocamos 360 mil jovens na universidade, jovens pobres da periferia e da escola pública. De que eu era acusado? Qual era a acusação que me faziam? "O presidente Lula está nivelando o ensino por baixo, está rebaixando o nível do ensino no Brasil, na medida em que criou o ProUni." Como eu sou católico e tenho sorte, três anos depois foi feita a primeira avaliação dos cursos universitários brasileiros. Em 14 áreas, incluindo Medicina e Engenharia, os melhores alunos avaliados foram, exatamente, os que iam nivelar por baixo a educação no Brasil: foram os alunos do ProUni, da periferia deste País."
(...)
"Aconteceu que a indústria automobilística corre o risco de, já no próximo ano, atingir a totalidade da sua capacidade produtiva. Hoje, as pessoas estão esperando 6 meses para comprar um caminhão, se for um caminhão pesado, espera até 9 meses. As pessoas estão na fila para comprar carro. Até ontem, a empresa ia quebrar: 'eu vou embora do Brasil, porque não está dando para vender'."
(...)
"E eu poderia perguntar: quanto custa para o Estado deixar essa pessoa vivendo no século XVIII quando nos poderíamos trazê-la para o século XIX com um cabo, um poste e um bico de luz? (...) Ou nós colocamos esse dinheiro, dando uma ajuda para eles e formando-os profissionalmente, ou o narcotráfico e o crime organizado vão oferecer a eles o que o Estado não oferece. Essa guerra eu não quero perder. Eu quero ganhar."
(...)
"Na hora em que o Estado cumprir com as suas obrigações, podem ficar certos de que as próprias pessoas vão tratar de exigir que o Estado seja cada vez menos intrometido nas coisas que não precisa se intrometer. Mas sem o Estado não haverá inclusão social neste País, sem o Estado a gente não consegue recuperar um século de descaso com parte da população mais pobre deste País. E é por isso que nós estamos vivendo este momento."
(...)
Clique aqui para ler o post completo com o discurso e as respostas do presidente Lula a indagações de um grupo de jornalistas que a revista Economist reuniu, em Brasília, no dia 12 de março de 2008.
(...)
"Em três anos já colocamos 360 mil jovens na universidade, jovens pobres da periferia e da escola pública. De que eu era acusado? Qual era a acusação que me faziam? "O presidente Lula está nivelando o ensino por baixo, está rebaixando o nível do ensino no Brasil, na medida em que criou o ProUni." Como eu sou católico e tenho sorte, três anos depois foi feita a primeira avaliação dos cursos universitários brasileiros. Em 14 áreas, incluindo Medicina e Engenharia, os melhores alunos avaliados foram, exatamente, os que iam nivelar por baixo a educação no Brasil: foram os alunos do ProUni, da periferia deste País."
(...)
"Aconteceu que a indústria automobilística corre o risco de, já no próximo ano, atingir a totalidade da sua capacidade produtiva. Hoje, as pessoas estão esperando 6 meses para comprar um caminhão, se for um caminhão pesado, espera até 9 meses. As pessoas estão na fila para comprar carro. Até ontem, a empresa ia quebrar: 'eu vou embora do Brasil, porque não está dando para vender'."
(...)
"E eu poderia perguntar: quanto custa para o Estado deixar essa pessoa vivendo no século XVIII quando nos poderíamos trazê-la para o século XIX com um cabo, um poste e um bico de luz? (...) Ou nós colocamos esse dinheiro, dando uma ajuda para eles e formando-os profissionalmente, ou o narcotráfico e o crime organizado vão oferecer a eles o que o Estado não oferece. Essa guerra eu não quero perder. Eu quero ganhar."
(...)
"Na hora em que o Estado cumprir com as suas obrigações, podem ficar certos de que as próprias pessoas vão tratar de exigir que o Estado seja cada vez menos intrometido nas coisas que não precisa se intrometer. Mas sem o Estado não haverá inclusão social neste País, sem o Estado a gente não consegue recuperar um século de descaso com parte da população mais pobre deste País. E é por isso que nós estamos vivendo este momento."
(...)
Clique aqui para ler o post completo com o discurso e as respostas do presidente Lula a indagações de um grupo de jornalistas que a revista Economist reuniu, em Brasília, no dia 12 de março de 2008.
quarta-feira, 19 de março de 2008
Mino Carta deixa o IG em solidariedade a PHA
O último post
Meu blog no iG acaba com este post. Solidarizo-me com Paulo Henrique Amorim por razões que transcendem a nossa amizade de 41 anos. O abrupto rompimento do contrato que ligava o jornalista ao portal ecoa situações inaceitáveis que tanto Paulo Henrique quanto eu conhecemos de sobejo, de sorte a lhes entender os motivos em um piscar de olhos. Não me permitirei conjecturas em relação ao poder mais alto que se alevanta e exige o afastamento. O leque das possibilidades não é, porém, muito amplo. Basta averiguar quais foram os alvos das críticas negativas de Paulo Henrique neste tempo de Conversa Afiada.
(Mino Carta)
Mais sobre a demissão do PHA:
No blog do Eduardo Guimarães: Demissão de PHA
No site Vi o Mundo: "Não se dispensa 3 milhões de páginas vistas"
"IG fez com Paulo Henrique o que nem a Globo fez comigo"
Meu blog no iG acaba com este post. Solidarizo-me com Paulo Henrique Amorim por razões que transcendem a nossa amizade de 41 anos. O abrupto rompimento do contrato que ligava o jornalista ao portal ecoa situações inaceitáveis que tanto Paulo Henrique quanto eu conhecemos de sobejo, de sorte a lhes entender os motivos em um piscar de olhos. Não me permitirei conjecturas em relação ao poder mais alto que se alevanta e exige o afastamento. O leque das possibilidades não é, porém, muito amplo. Basta averiguar quais foram os alvos das críticas negativas de Paulo Henrique neste tempo de Conversa Afiada.
(Mino Carta)
Mais sobre a demissão do PHA:
No blog do Eduardo Guimarães: Demissão de PHA
No site Vi o Mundo: "Não se dispensa 3 milhões de páginas vistas"
"IG fez com Paulo Henrique o que nem a Globo fez comigo"
Esclarecimentos de Paulo Henrique Amorim
ESCLARECIMENTO I
"O iG rescindiu meu contrato que ia até 31 de dezembro de 2008. O Conversa Afiada continua o mesmo – e mais livre, aqui, neste novo espaço.
Seja bem-vindo!
Paulo Henrique Amorim"
ESCLARECIMENTO II
O Conversa Afiada ficou fora do ar por 08 horas e 58 minutos.
Breve, escreverei um Máximas e Mínimas para tentar explicar o que aconteceu.
O iG se limitou a enviar uma notificação assinada por Caio Túlio Costa, para avisar que o contrato se rescindia de acordo com cláusula que previa um aviso prévio.
Não é a primeira vez que me mandam embora de uma empresa jornalística.
Só o Daniel Dantas me "tirou do ar" duas vezes: na TV Cultura e no Uol.
E ele sabe que não vai me tirar, nunca...
Com isso, se encerrou a vida deste blog num portal da internet.
Nenhum blog de relevância política nos Estados Unidos, por exemplo, está pendurado num portal.
Clique aqui para ver: http://www.huffingtonpost.com ou http://www.talkingpointsmemo.com, para ficar em dois dos melhores exemplos.
Essa é a virtude a internet: último reduto do jornalismo independente.
Assim, se você acha que o Farol de Alexandria e o presidente eleito são dois impostores; se você gosta do Festival do Tartufo Nativo; se acha que o PIG, além de ilegível, não tem salvação; que os portais da internet brasileira são uma versão – para pior – do PIG; que a Veja é a última flor do Fascio; que o Ministro (?) Marco Aurélio de Mello deveria ser impeached; que Daniel Dantas deveria estar na cadeia;que Carlos Jereissati e Sergio Andrade vão ficar com a "BrOi" sem botar um tusta; que a "BrOi" significa que o Governo Lula vai tirar Dantas da cadeia; que chega de São Paulo, porque está na hora de um presidente não-paulista etc etc etc ... se você acha tudo isso, continue a visitar o Conversa Afiada neste novo e renovado espaço.
Em tempo: o Conversa Afiada anuncia publicamente que não é candidato a nada no iBest. Nunca levou isso a sério. Não vai ser agora que vai levar.
Muitas novas atrações virão.
Até já !
Paulo Henrique Amorim"
NOTA MINHA:
Não concordo com tudo o que diz Paulo Henrique Amorim, mas - ciente de lançar mão de um clichê clássico - defendo até o fim o direito que ele tem de dizer o que pensa. A atitude do iG foi, no mínimo, vergonhosa e sem-caráter. Divergências são normais, mas escurraçar um profissional dessa forma, sem qualquer respeito para com seu trabalho e - tão importante quanto! - seus leitores, é muito baixo. PHA está melhor agora.
"O iG rescindiu meu contrato que ia até 31 de dezembro de 2008. O Conversa Afiada continua o mesmo – e mais livre, aqui, neste novo espaço.
Seja bem-vindo!
Paulo Henrique Amorim"
ESCLARECIMENTO II
O Conversa Afiada ficou fora do ar por 08 horas e 58 minutos.
Breve, escreverei um Máximas e Mínimas para tentar explicar o que aconteceu.
O iG se limitou a enviar uma notificação assinada por Caio Túlio Costa, para avisar que o contrato se rescindia de acordo com cláusula que previa um aviso prévio.
Não é a primeira vez que me mandam embora de uma empresa jornalística.
Só o Daniel Dantas me "tirou do ar" duas vezes: na TV Cultura e no Uol.
E ele sabe que não vai me tirar, nunca...
Com isso, se encerrou a vida deste blog num portal da internet.
Nenhum blog de relevância política nos Estados Unidos, por exemplo, está pendurado num portal.
Clique aqui para ver: http://www.huffingtonpost.com ou http://www.talkingpointsmemo.com, para ficar em dois dos melhores exemplos.
Essa é a virtude a internet: último reduto do jornalismo independente.
Assim, se você acha que o Farol de Alexandria e o presidente eleito são dois impostores; se você gosta do Festival do Tartufo Nativo; se acha que o PIG, além de ilegível, não tem salvação; que os portais da internet brasileira são uma versão – para pior – do PIG; que a Veja é a última flor do Fascio; que o Ministro (?) Marco Aurélio de Mello deveria ser impeached; que Daniel Dantas deveria estar na cadeia;que Carlos Jereissati e Sergio Andrade vão ficar com a "BrOi" sem botar um tusta; que a "BrOi" significa que o Governo Lula vai tirar Dantas da cadeia; que chega de São Paulo, porque está na hora de um presidente não-paulista etc etc etc ... se você acha tudo isso, continue a visitar o Conversa Afiada neste novo e renovado espaço.
Em tempo: o Conversa Afiada anuncia publicamente que não é candidato a nada no iBest. Nunca levou isso a sério. Não vai ser agora que vai levar.
Muitas novas atrações virão.
Até já !
Paulo Henrique Amorim"
NOTA MINHA:
Não concordo com tudo o que diz Paulo Henrique Amorim, mas - ciente de lançar mão de um clichê clássico - defendo até o fim o direito que ele tem de dizer o que pensa. A atitude do iG foi, no mínimo, vergonhosa e sem-caráter. Divergências são normais, mas escurraçar um profissional dessa forma, sem qualquer respeito para com seu trabalho e - tão importante quanto! - seus leitores, é muito baixo. PHA está melhor agora.
terça-feira, 18 de março de 2008
Paulo Henrique Amorim é demitido do P(ortal) IG

Do site Vi o Mundo, grifos meus:
O jornalista Paulo Henrique Amorim confirmou por telefone que foi demitido pelo portal IG por fax. De acordo com o jornalista, ele foi informado por volta das 17 horas de que o portal não mais hospedaria o "Conversa Afiada", que imediatamente sumiu do ar. Quem tentou acessar o site a partir daquele momento deu com a tela acima.
O jornalista disse que não poderia gravar entrevista por não ter consultado seu advogado.
Paulo Henrique Amorim, que também é repórter da TV Record, é crítico constante tanto de José Serra quanto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Também tem disputas judiciais tanto com o banqueiro Daniel Dantas quanto com o comentarista Diogo Mainardi, de Veja.
O "Conversa Afiada" lidera a votação do prêmio Ibest, promovido pelo próprio IG, na categoria Cidadania, sites de política.
(...)
Ontem o jornalista deu uma palestra a sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores, a CUT. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, José Lopes Feijó, disse "estranhar" a forma com que o Conversa Afiada foi tirado do ar. Disse que já enviou uma mensagem de solidariedade ao jornalista e que, se PHA confirmar que foi vítima de censura, a CUT pretende iniciar uma campanha "para entupir o IG de protestos".
O Portal Imprensa diz que Paulo Henrique Amorim foi tirado do ar por dar "baixa audiência", baseando-se em uma fonte anônima.
(...)
Por telefone, Paulo Henrique Amorim disse que, se há problema de audiência, "é do IG"; considerou "sacanagem" a nota publicada no Portal Imprensa e disse que pretende responder através de seu novo endereço, que entra no ar nas próximas horas.
De acordo com o jornalista, será em http://www.paulohenriqueamorim.com.br.
segunda-feira, 17 de março de 2008
O Caso Veja: o mais recente factóide
"O último factóide da revista, aquele em que aparentemente fez cair a ficha da mídia em relação ao festival de ficções da revista, envolveu diretamente o Supremo Tribunal Federal (STF).
Foi a matéria "A sombra do estado policial", de Policarpo Júnior, capa da edição de 22 de agosto de 2007, ainda dentro do clima conspiratório herdado da campanha eleitoral.
Como sempre, capa, manchete, submanchete, tudo recendia a conspiração.
Com um factóide, a revista conseguiu criar outro factóide, a CPI do Grampo, e impedir a CPI da Veja.
Leia o último capítulo aqui no Blog (clique aqui).
Ou no Google Pages: clique aqui
No Blog do Justo: clique aqui
No do Dimas: clique aqui"
Fonte: Blog do Nassif
Foi a matéria "A sombra do estado policial", de Policarpo Júnior, capa da edição de 22 de agosto de 2007, ainda dentro do clima conspiratório herdado da campanha eleitoral.
Como sempre, capa, manchete, submanchete, tudo recendia a conspiração.
Com um factóide, a revista conseguiu criar outro factóide, a CPI do Grampo, e impedir a CPI da Veja.
Leia o último capítulo aqui no Blog (clique aqui).
Ou no Google Pages: clique aqui
No Blog do Justo: clique aqui
No do Dimas: clique aqui"
Fonte: Blog do Nassif
MSM vai ao MP contra o PIG pela suposta epidemia de febre amarela
A ONG "Movimento dos Sem Mídia" protocola nesta segunda-feira, dia 17, uma representação no Ministério Público Federal contra o alarmismo da mídia ao noticiar uma suposta epidemia de febre amarela no Brasil.
O presidente da ONG Eduardo Guimarães disse em entrevista ao Conversa Afiada que o objetivo é que o MP investigue o papel dos meios de comunicação na divulgação de casos de febre amarela (clique aqui para ouvir o áudio).
"Vamos pedir ao Ministério Público que investigue a nossa teoria. Estamos oferecendo elementos para eles, que é o noticiário, vídeos de programas e telejornais, matérias de jornal. E estamos pedindo ao Ministério Público que investigue", disse Guimarães.
Segundo Eduardo Guimarães os principais focos da representação são: Organizações Globo, Grupo Estado, Grupo Folha, Editora Abril, Correio Braziliense, Jornal do Brasil, Veja e IstoÉ.
Guimarães disse que a imprensa deu uma repercussão exagerada aos casos de febre amarela e provocou um alarmismo entre a população. Segundo ele, essa postura da mídia provocou pelo menos uma morte.
"Essa pessoa não iria viajar para nenhuma área de risco, tinha um organismo incompatível com a vacina e, assustada pelo noticiário alarmista... De fato houve um alarmismo reconhecido pelo ombudsman da Folha de S. Paulo, reconhecido até pela própria Folha de S. Paulo, num editorial dizendo que a hipótese de epidemia tinha sido magnificada pela mídia", disse Guimarães.
Guimarães comparou o episódio da febre amarela deste ano com a epidemia que ocorreu em 2000. Segundo ele, naquele ano o Ministério da Saúde confirmou 85 casos e 40 mortes causadas pela febre amarela. "E você nota que lá atrás não foi feito alarmismo nenhum. E hoje foi feito uma verdadeira guerra na imprensa, dizendo que haveria essa epidemia", disse Guimarães.
Eduardo Guimarães disse que se a investigação do MP provar que a imprensa provocou um alarmismo na população, a ONG "Movimento dos Sem Mídia" vai pedir, na Justiça, o ressarcimento do erário público, que gastou com vacinas e atendimento hospitalar a pessoas que tiveram problemas causados pela vacina.
(Do site Conversa Afiada. Clique no link para ler também a íntegra da entrevista com Eduardo Guimarães)
O presidente da ONG Eduardo Guimarães disse em entrevista ao Conversa Afiada que o objetivo é que o MP investigue o papel dos meios de comunicação na divulgação de casos de febre amarela (clique aqui para ouvir o áudio).
"Vamos pedir ao Ministério Público que investigue a nossa teoria. Estamos oferecendo elementos para eles, que é o noticiário, vídeos de programas e telejornais, matérias de jornal. E estamos pedindo ao Ministério Público que investigue", disse Guimarães.
Segundo Eduardo Guimarães os principais focos da representação são: Organizações Globo, Grupo Estado, Grupo Folha, Editora Abril, Correio Braziliense, Jornal do Brasil, Veja e IstoÉ.
Guimarães disse que a imprensa deu uma repercussão exagerada aos casos de febre amarela e provocou um alarmismo entre a população. Segundo ele, essa postura da mídia provocou pelo menos uma morte.
"Essa pessoa não iria viajar para nenhuma área de risco, tinha um organismo incompatível com a vacina e, assustada pelo noticiário alarmista... De fato houve um alarmismo reconhecido pelo ombudsman da Folha de S. Paulo, reconhecido até pela própria Folha de S. Paulo, num editorial dizendo que a hipótese de epidemia tinha sido magnificada pela mídia", disse Guimarães.
Guimarães comparou o episódio da febre amarela deste ano com a epidemia que ocorreu em 2000. Segundo ele, naquele ano o Ministério da Saúde confirmou 85 casos e 40 mortes causadas pela febre amarela. "E você nota que lá atrás não foi feito alarmismo nenhum. E hoje foi feito uma verdadeira guerra na imprensa, dizendo que haveria essa epidemia", disse Guimarães.
Eduardo Guimarães disse que se a investigação do MP provar que a imprensa provocou um alarmismo na população, a ONG "Movimento dos Sem Mídia" vai pedir, na Justiça, o ressarcimento do erário público, que gastou com vacinas e atendimento hospitalar a pessoas que tiveram problemas causados pela vacina.
(Do site Conversa Afiada. Clique no link para ler também a íntegra da entrevista com Eduardo Guimarães)
segunda-feira, 10 de março de 2008
O método Veja de jornalismo
"Desde os anos 80, cada vez mais Veja se especializaria em "construir" matérias que assumiam vida quase independente dos fatos que deveriam respaldá-las. Definia-se previamente como "seria" a matéria. Cabia aos repórteres apenas buscar declarações que ajudassem a colocar aquele monte de suposições em pé.
O que era um estilo criticável, com o tempo, acabou tornando-se uma compulsão, como se a revista não mais precisasse dos fatos para compor suas reportagens. Ela se tornou uma ficção ampla, característica conhecida de qualquer jornalista iniciante.
Ainda nos anos 80, o caso mais célebre foi o do "boimate" – criação de Eurípedes Alcântara, já mencionado em outro capítulo.
Mas, à medida que se entrava na era Tales Alvarenga-Eurípedes-Sabino, final dos anos 90 em diante, esse estilo ficcional passou a arrostar os limites da verossimilhança.
O primeiro filtro sobre uma matéria é avaliar se os fatos relatados são verossímeis. Se passar nesse teste básico, é que se irá conferir se, mesmo sendo verossímeis, também são verdadeiros.
Com o tempo, gradativamente o jornalismo de Veja deixou de passar sequer por esse filtro básico. Tornou-se cada vez maior a quantidade de matérias absurdas, sem nexo, sem conhecimento básico sobre economia, finanças, valores, relações de causalidade. E sobre jornalismo, enfim.
Leia o capítulo "O Método de Jornalismo da Veja" aqui no Blog, ou no Googlepages."
Fonte: Blog do Nassif
O que era um estilo criticável, com o tempo, acabou tornando-se uma compulsão, como se a revista não mais precisasse dos fatos para compor suas reportagens. Ela se tornou uma ficção ampla, característica conhecida de qualquer jornalista iniciante.
Ainda nos anos 80, o caso mais célebre foi o do "boimate" – criação de Eurípedes Alcântara, já mencionado em outro capítulo.
Mas, à medida que se entrava na era Tales Alvarenga-Eurípedes-Sabino, final dos anos 90 em diante, esse estilo ficcional passou a arrostar os limites da verossimilhança.
O primeiro filtro sobre uma matéria é avaliar se os fatos relatados são verossímeis. Se passar nesse teste básico, é que se irá conferir se, mesmo sendo verossímeis, também são verdadeiros.
Com o tempo, gradativamente o jornalismo de Veja deixou de passar sequer por esse filtro básico. Tornou-se cada vez maior a quantidade de matérias absurdas, sem nexo, sem conhecimento básico sobre economia, finanças, valores, relações de causalidade. E sobre jornalismo, enfim.
Leia o capítulo "O Método de Jornalismo da Veja" aqui no Blog, ou no Googlepages."
Fonte: Blog do Nassif
sexta-feira, 7 de março de 2008
Por que as FARC não abandonam a luta armada, fundam um partido e disputam eleições democráticas?
(Fonte: Blog do Mello)
Porque elas já tentaram isso. Em 1984 firmaram uma trégua com o então presidente da Colômbia Belisario Betancourt. As FARC abandonaram as armas e se transformaram num partido político, União Patriótica (UP).
Resultado: o governo da Colômbia se aproveitou do fato e matou três mil militantes, oito congressistas, dois candidatos presidenciais, 11 prefeitos e 13 deputados regionais.
Porque elas já tentaram isso. Em 1984 firmaram uma trégua com o então presidente da Colômbia Belisario Betancourt. As FARC abandonaram as armas e se transformaram num partido político, União Patriótica (UP).
Resultado: o governo da Colômbia se aproveitou do fato e matou três mil militantes, oito congressistas, dois candidatos presidenciais, 11 prefeitos e 13 deputados regionais.
E o PIG não vai protestar contra a agressão de jornalistas?
(Fonte: Diário Gauche)
Há cerca de 60 horas profissionais da imprensa, jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos, foram agredidos fisicamente e impedidos de exercer a sua profissão no município de Rosário do Sul (RS). Neste local, houve protesto de bravas mulheres agricultoras da Via Campesina contra a ilegalidade da posse da terra por parte da papeleira Stora Enso e por esta empresa finlandesa provocar danos ao equilíbrio ambiental com monocultivo extensivo de eucalipto. A polícia militar do governo tucano de Yeda Crusius reprimiu duramente as manifestantes e os jornalistas que registravam os fatos. Um deles chegou a ser algemado ilegalmente por algum tempo, preso a uma viatura policial.
Pois, mesmo passadas tantas horas, não se viu, leu ou ouviu nenhum representante do PIG protestar ou ao menos se solidarizar com os jornalistas agredidos. A repressão policial do governo tucano no Rio Grande do Sul por acaso não viola o direito da livre expressão da imprensa? Ou quem sabe o governo de Yeda Crusius exerce algum tipo de censura sobre a "imprensa livre" do Estado e do País?
Há cerca de 60 horas profissionais da imprensa, jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos, foram agredidos fisicamente e impedidos de exercer a sua profissão no município de Rosário do Sul (RS). Neste local, houve protesto de bravas mulheres agricultoras da Via Campesina contra a ilegalidade da posse da terra por parte da papeleira Stora Enso e por esta empresa finlandesa provocar danos ao equilíbrio ambiental com monocultivo extensivo de eucalipto. A polícia militar do governo tucano de Yeda Crusius reprimiu duramente as manifestantes e os jornalistas que registravam os fatos. Um deles chegou a ser algemado ilegalmente por algum tempo, preso a uma viatura policial.
Pois, mesmo passadas tantas horas, não se viu, leu ou ouviu nenhum representante do PIG protestar ou ao menos se solidarizar com os jornalistas agredidos. A repressão policial do governo tucano no Rio Grande do Sul por acaso não viola o direito da livre expressão da imprensa? Ou quem sabe o governo de Yeda Crusius exerce algum tipo de censura sobre a "imprensa livre" do Estado e do País?
Mídia colombina
(Fonte: Fazendo Media)

Carlos Latuff fez este desenho durante encontro com o vice-ministro de Relações Exteriores da Venezuela, no Rio. Com um detalhe: uma semana antes de o narco-presidente Álvaro Uribe, apoiado pelo regime terrorista de Bush, violar a soberania do Equador e assassinar 18 guerrilheiros das Farc, incluindo Raul Reyes, porta-voz que negociava nova libertação de reféns. Mas para as corporações de mídia brasileiras, a culpa é do Chávez. Não deve ser à toa que o repórter da TV Globo informa de Buenos Aires o que acontece na fronteira norte do Brasil.
É muito mais cômodo - e interessante aos desígnios do império - tratar as Farc como um bando de traficantes e assassinos sanguinários. Embora televisões na Europa tenham divulgado entrevistas do próprio Raul Reyes e outros integrantes das Farc, aqui no Brasil o público nem mesmo tem esse direito. Deve acreditar no que diz a mídia que apoiou a ditadura de 64 e ponto. Talvez para evitar que a gente descubra que o objetivo das Farc é político: "Buscamos a pátria grande e o socialismo. Queremos uma nova Colômbia, queremos justiça social", disse Reyes ao Canal Nova, da Holanda, no final do ano passado.
Não acreditar no que diz Reyes é muito diferente de impedir a veiculação de sua mensagem. Mas é justamente este o procedimento ditatorial dessa mídia que se diz democrática; não apenas com Reyes, mas com os movimentos sociais, com as discussões sobre uma outra política econômica possível ou nas áreas de cultura e educação, entre outras. Toda proposta que busca a transformação do sistema é prontamente silenciada.
Até as crianças colombianas sabem que o governo Uribe é financiado pelo narcotráfico e sustentado pelos terroristas de Washington, mas não o povo brasileiro. Aliás, até uma universidade estadunidense já divulgou documentos que mostram essas ligações. Veja, não é uma universidade venezuelana, mas estadunidense! A cobertura da mídia brasileira é tão vergonhosa, mas tão vergonhosa, que a "reportagem" do Jornal da Globo de ontem classificou as Farc como grupo terrorista, o que nem o governo brasileiro faz. Mas isso é compreensível. Desde que nasceu, a Globo esteve vinculada a Washington e, se o regime terrorista de Bush (que já matou diretamente milhares de pessoas no Iraque e Afeganistão e outras tantas indiretamente ao redor do mundo) classifica as Farc como terroristas, isto é suficiente.
Mais uma vez é preciso afirmar: o cidadão que se informa exclusivamente pela mídia terrorista jamais compreenderá a realidade que o cerca.

Carlos Latuff fez este desenho durante encontro com o vice-ministro de Relações Exteriores da Venezuela, no Rio. Com um detalhe: uma semana antes de o narco-presidente Álvaro Uribe, apoiado pelo regime terrorista de Bush, violar a soberania do Equador e assassinar 18 guerrilheiros das Farc, incluindo Raul Reyes, porta-voz que negociava nova libertação de reféns. Mas para as corporações de mídia brasileiras, a culpa é do Chávez. Não deve ser à toa que o repórter da TV Globo informa de Buenos Aires o que acontece na fronteira norte do Brasil.
É muito mais cômodo - e interessante aos desígnios do império - tratar as Farc como um bando de traficantes e assassinos sanguinários. Embora televisões na Europa tenham divulgado entrevistas do próprio Raul Reyes e outros integrantes das Farc, aqui no Brasil o público nem mesmo tem esse direito. Deve acreditar no que diz a mídia que apoiou a ditadura de 64 e ponto. Talvez para evitar que a gente descubra que o objetivo das Farc é político: "Buscamos a pátria grande e o socialismo. Queremos uma nova Colômbia, queremos justiça social", disse Reyes ao Canal Nova, da Holanda, no final do ano passado.
Não acreditar no que diz Reyes é muito diferente de impedir a veiculação de sua mensagem. Mas é justamente este o procedimento ditatorial dessa mídia que se diz democrática; não apenas com Reyes, mas com os movimentos sociais, com as discussões sobre uma outra política econômica possível ou nas áreas de cultura e educação, entre outras. Toda proposta que busca a transformação do sistema é prontamente silenciada.
Até as crianças colombianas sabem que o governo Uribe é financiado pelo narcotráfico e sustentado pelos terroristas de Washington, mas não o povo brasileiro. Aliás, até uma universidade estadunidense já divulgou documentos que mostram essas ligações. Veja, não é uma universidade venezuelana, mas estadunidense! A cobertura da mídia brasileira é tão vergonhosa, mas tão vergonhosa, que a "reportagem" do Jornal da Globo de ontem classificou as Farc como grupo terrorista, o que nem o governo brasileiro faz. Mas isso é compreensível. Desde que nasceu, a Globo esteve vinculada a Washington e, se o regime terrorista de Bush (que já matou diretamente milhares de pessoas no Iraque e Afeganistão e outras tantas indiretamente ao redor do mundo) classifica as Farc como terroristas, isto é suficiente.
Mais uma vez é preciso afirmar: o cidadão que se informa exclusivamente pela mídia terrorista jamais compreenderá a realidade que o cerca.
quinta-feira, 6 de março de 2008
quarta-feira, 5 de março de 2008
ótima pergunta!
Se a Colômbia, mesmo com os 3 bilhões de dólares por ano e com toda tecnologia dos EUA, até com ajuda de satélites, não consegue impedir que as Farc controlem 70 mil quilometros de seu território, por que o Equador tem que conseguir que nenhum guerrilheiro viole suas fronteiras?
(Rafael Correa, presidente do Equador)
(Rafael Correa, presidente do Equador)
Colômbia x Equador: vamos brincar de juntar pecinhas?
- No sábado, 1º/03, tropas colombianas invadiram o Equador e assassinaram 15 guerrilheiros das Farc que estavam acampados na amazônia equatoriana, a 1800m da fronteira com a Colômbia. Um dos guerrilheiros assassinados foi Raúl Reyes, o "número dois" e um dos mais moderados membros das Farc. Reyes defendia o diálogo e negociava pessoalmente a liberação de 11 reféns junto a representantes de países como França, Espanha e Suiça.
- Para o Ministério das Relações Exteriores da França, a morte de Raúl Reyes é uma má notícia para o andamento das negociações, cuja existência Álvaro Uribe, presidente da Colômbia, alegou desconhecer. O ministério desmentiu o presidente colombiano. Uribe não só sabia, como havia concordado. A libertação dos prisioneiros estava sendo planejada para este mês, no Equador.
- Dentre os reféns cuja libertação se negociava está a franco-colombiana Ingrid Bettancourt, ex-senadora e ex-candidata à presidência da Colômbia e adversária de Uribe. A libertação da ex-senadora e a perspectiva de negociações de paz com as Farc não seriam nada boas para os planos do presidente de mudar a Constituição e disputar o terceiro mandato. Já é a segunda vez que Uribe frustra uma iminente libertação de Ingrid.
- Álvaro Uribe é um aliado útil e manipulável dos EUA, e a Colômbia, além da conveniente vizinhança com a "arqui-inimiga" Venezuela, ainda está em área estratégica no que diz respeito a petróleo e água. Dois dias antes do "incidente", um chefe militar americano esteve em Bogotá para "compartilhar informação vital sobre a luta contra o terrorismo". Ontem, 4/03, George Bush declarou seu apoio à Colômbia e "agradeceu" Uribe por sua "ação forte" no caso.
- Para quem acompanha a cobertura do acontecido apenas pela grande mídia tradicional (a.k.a. PIG), a Colômbia é a vítima, o Equador acoberta criminosos, o Brasil é um bundão e a culpa de tudo, surpreendentemente, dessa vez não é do Lula, é de Chávez.
Para saber mais:
Blog Cidadania.com
Blog Democracia e Política
Agência Carta Maior
Direto da Redação
- Para o Ministério das Relações Exteriores da França, a morte de Raúl Reyes é uma má notícia para o andamento das negociações, cuja existência Álvaro Uribe, presidente da Colômbia, alegou desconhecer. O ministério desmentiu o presidente colombiano. Uribe não só sabia, como havia concordado. A libertação dos prisioneiros estava sendo planejada para este mês, no Equador.
- Dentre os reféns cuja libertação se negociava está a franco-colombiana Ingrid Bettancourt, ex-senadora e ex-candidata à presidência da Colômbia e adversária de Uribe. A libertação da ex-senadora e a perspectiva de negociações de paz com as Farc não seriam nada boas para os planos do presidente de mudar a Constituição e disputar o terceiro mandato. Já é a segunda vez que Uribe frustra uma iminente libertação de Ingrid.
- Álvaro Uribe é um aliado útil e manipulável dos EUA, e a Colômbia, além da conveniente vizinhança com a "arqui-inimiga" Venezuela, ainda está em área estratégica no que diz respeito a petróleo e água. Dois dias antes do "incidente", um chefe militar americano esteve em Bogotá para "compartilhar informação vital sobre a luta contra o terrorismo". Ontem, 4/03, George Bush declarou seu apoio à Colômbia e "agradeceu" Uribe por sua "ação forte" no caso.
- Para quem acompanha a cobertura do acontecido apenas pela grande mídia tradicional (a.k.a. PIG), a Colômbia é a vítima, o Equador acoberta criminosos, o Brasil é um bundão e a culpa de tudo, surpreendentemente, dessa vez não é do Lula, é de Chávez.
Para saber mais:
Blog Cidadania.com
Blog Democracia e Política
Agência Carta Maior
Direto da Redação
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Venezuela
terça-feira, 4 de março de 2008
Oposição busca uma crise desesperadamente
(do site Conversa Afiada - clique no link para ler o texto completo)
. A Polícia Federal prendeu os ladrões do segredo do poço de Tupi, o mega-poço de petróleo que fica em frente ao litoral do Rio.
. A União Européia voltou a comprar carne do Brasil.
. O mega desmatamento da Amazônia foi um delírio da Ministra Marina Silva, com o apoio entusiasmado do PIG e sua colonista verde-por-excelência, Miriam Leitão.
. As múltiplas CPIs da Tapioca talvez não interessem mais ao PIG e à oposição, porque há o risco de a tapioca soprar para o lado do presidente eleito José Serra e do Tartufo hors-concours.
. Qual a próxima crise que vai derrubar o Presidente Lula?
. A colonista Cantanhêde diz, agora, que a oposição aposta na CPI das ONGs, aquela que é fruto do conúbio Veja-Heráclito Fortes, com o pólen do Daniel Dantas.
. A primeira tentativa contra o Ministro Carlos Lupi parece que não acertou o alvo: as ONGs do PSDB foram as que mais se beneficiaram da política do ministro brizolista...
. O PIG e a oposição estão em crise.
. Como derrubar o Presidente Lula ESTA SEMANA?
. A Polícia Federal prendeu os ladrões do segredo do poço de Tupi, o mega-poço de petróleo que fica em frente ao litoral do Rio.
. A União Européia voltou a comprar carne do Brasil.
. O mega desmatamento da Amazônia foi um delírio da Ministra Marina Silva, com o apoio entusiasmado do PIG e sua colonista verde-por-excelência, Miriam Leitão.
. As múltiplas CPIs da Tapioca talvez não interessem mais ao PIG e à oposição, porque há o risco de a tapioca soprar para o lado do presidente eleito José Serra e do Tartufo hors-concours.
. Qual a próxima crise que vai derrubar o Presidente Lula?
. A colonista Cantanhêde diz, agora, que a oposição aposta na CPI das ONGs, aquela que é fruto do conúbio Veja-Heráclito Fortes, com o pólen do Daniel Dantas.
. A primeira tentativa contra o Ministro Carlos Lupi parece que não acertou o alvo: as ONGs do PSDB foram as que mais se beneficiaram da política do ministro brizolista...
. O PIG e a oposição estão em crise.
. Como derrubar o Presidente Lula ESTA SEMANA?
segunda-feira, 3 de março de 2008
Cobertura compreensivelmente míope
fonte: www.fazendomedia.com
Então ficamos assim: o exército colombiano invade o Equador, executa 15 guerrilheiros das Farc enquanto dormiam e as corporações de mídia ensinam que o malvado da história é o presidente da Venezuela. Detalhe: o repórter da TV Globo tem informado sobre o conflito das Farc com o governo colombiano de... Buenos Aires. Depois não sabem porque cada vez menos pessoas acreditam no que publicam.
Então ficamos assim: o exército colombiano invade o Equador, executa 15 guerrilheiros das Farc enquanto dormiam e as corporações de mídia ensinam que o malvado da história é o presidente da Venezuela. Detalhe: o repórter da TV Globo tem informado sobre o conflito das Farc com o governo colombiano de... Buenos Aires. Depois não sabem porque cada vez menos pessoas acreditam no que publicam.
A imprensa e o estilo Dantas
(por Luis Nassif)
Na série sobre "O caso Veja", um capítulo para entender o estilo Daniel Dantas de operação e a maneira como Diogo Mainardi e outros jornalistas entraram no sistema de produção.
Clique aqui para ler no Blog ou aqui para ler no Googlepages.
A home da série pode ser acessada clicando aqui.
Na série sobre "O caso Veja", um capítulo para entender o estilo Daniel Dantas de operação e a maneira como Diogo Mainardi e outros jornalistas entraram no sistema de produção.
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A home da série pode ser acessada clicando aqui.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Todos juntos somos fortes!
Recebi por e-mail a proposta deste blog e declaro meu apoio total! Em solidariedade ao jornalista Luis Nassif, que tão bravamente tem denunciado inúmeros podres da revista Veja, a idéia é que todo blog inclua o link para http://luis.nassif.googlepages.com/home sempre que escrever em seu blog a palavra "Veja". Quanto mais gente fizer isso – assim, exatamente do mesmo jeito –, maior a probabilidade da denúncia do Nassif subir cada vez mais posições na lista das buscas por Veja no Google e nos demais mecanismos de busca. É a união dos pequenos revertendo a vantagem da popularidade do inimigo! Genial!
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
O caso do padre Lancelotti
"Pedi a Folha que reencontrasse o equilíbrio na cobertura sobre acusações contra o padre Júlio Lancelotti. Notícia ruim para ele tinha destaque; boa não. Na 6ª feira ocultou-se em rodapé de página a conclusão do Ministério Público, de que o religioso foi vítima de extorsão, e não autor de crime." (Mário Magalhães, ombudsman da Folha de São Paulo)
Em outubro passado, o padre Júlio Lancelotti, denunciou uma quadrilha de jovens que o estavam extorquindo, e se viu transformado de vítima em réu ao ser acusado de pagar para manter relações sexuais com um menor. Ele que foi à polícia, ele que apresentou provas, mas a história que "colou" e foi para as primeiras páginas, ganhando manchetes e longos textos foi aquela baseada apenas nas histórias contadas pelos primeiros acusados, foi a baixaria inventada para destruir a imagem de um notório defensor dos direitos humanos.
No último dia 21, o Ministério Público de SP considerou o padre Lancelotti inocente, vítima de extorsão da quadrilha: "não resta dúvida de que os acusados associaram-se em quadrilha com a finalidade de praticar reiteradamente delitos contra" o padre.
Alguns jornais até que publicaram a informação, em pequenas notinhas escondidas entre tantas outras que pouca gente lê.
Saiba mais:
Vermelho.org - MP de SP considera padre Júlio Lancelotti vítima de extorsão
Luiz Weiss - Escondendo (de novo) o padre Júlio
Azenha - Assassinato de caráter: a Veja e o Padre Júlio Lancelotti
Em outubro passado, o padre Júlio Lancelotti, denunciou uma quadrilha de jovens que o estavam extorquindo, e se viu transformado de vítima em réu ao ser acusado de pagar para manter relações sexuais com um menor. Ele que foi à polícia, ele que apresentou provas, mas a história que "colou" e foi para as primeiras páginas, ganhando manchetes e longos textos foi aquela baseada apenas nas histórias contadas pelos primeiros acusados, foi a baixaria inventada para destruir a imagem de um notório defensor dos direitos humanos.
No último dia 21, o Ministério Público de SP considerou o padre Lancelotti inocente, vítima de extorsão da quadrilha: "não resta dúvida de que os acusados associaram-se em quadrilha com a finalidade de praticar reiteradamente delitos contra" o padre.
Alguns jornais até que publicaram a informação, em pequenas notinhas escondidas entre tantas outras que pouca gente lê.
Saiba mais:
Vermelho.org - MP de SP considera padre Júlio Lancelotti vítima de extorsão
Luiz Weiss - Escondendo (de novo) o padre Júlio
Azenha - Assassinato de caráter: a Veja e o Padre Júlio Lancelotti
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Mais um capítulo do "Dossiê Veja"
Está no ar o 14º capítulo do "Dossiê Veja" escrito por Luís Nassif. O texto mostra como Mario Sabino, diretor-adjunto e principal responsável pela escatologia que tomou conta da revista e de seus blogs, se valeu do poder para mordomias e promoção pessoal, e acrescenta mais alguns detalhes que ajudam a entender o processo de degradação editorial de Veja – inclusive a alteração nos critérios da lista dos livros "Mais Vendidos".
Clique aqui para ler.
Para ler a série desde o início, clique aqui.
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Bolsa Família ajuda a diminuir desnutrição infantil
Um e-mail enviado pela assessoria do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome ao site Conversa Afiada informa alguns resultados históricos da parceria entre o Programa de Saúde da Família, do Ministério da Saúde (MS), e o Programa Bolsa Família, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
Os beneficiários do Bolsa Família devem cumprir algumas condicionalidades, dentre as quais a manutenção de crianças e adolescentes em idade escolar freqüentando as escolas e a atenção aos cuidados básicos em saúde. O cumprimento dessas condicionalidades certamente contribuiu para a diminuição de 52% dos casos de desnutrição infantil e para a queda de 8,54% para 2,95% de recém-nascidos com mães que nunca fizeram consulta de pré-natal, uma vez que facilita a manutenção de um calendário de vacinação para as crianças entre 0 e 6 anos, além de uma agenda pré e pós-natal.
Desde 2002, a diminuição da desnutrição infantil tem se refletido em um importante decréscimo nas taxas de hospitalizações em crianças menores de um ano no SUS, o que, conseqüentemente, representa baixa dos custos na área de saúde.
Esse é mais um dos efeitos positivos do Bolsa Família. Os ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome comemoram os índices (mas o PIG não parece achar conveniente divulgá-los).
Os beneficiários do Bolsa Família devem cumprir algumas condicionalidades, dentre as quais a manutenção de crianças e adolescentes em idade escolar freqüentando as escolas e a atenção aos cuidados básicos em saúde. O cumprimento dessas condicionalidades certamente contribuiu para a diminuição de 52% dos casos de desnutrição infantil e para a queda de 8,54% para 2,95% de recém-nascidos com mães que nunca fizeram consulta de pré-natal, uma vez que facilita a manutenção de um calendário de vacinação para as crianças entre 0 e 6 anos, além de uma agenda pré e pós-natal.
Desde 2002, a diminuição da desnutrição infantil tem se refletido em um importante decréscimo nas taxas de hospitalizações em crianças menores de um ano no SUS, o que, conseqüentemente, representa baixa dos custos na área de saúde.
Esse é mais um dos efeitos positivos do Bolsa Família. Os ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome comemoram os índices (mas o PIG não parece achar conveniente divulgá-los).
sábado, 23 de fevereiro de 2008
16 perguntas e respostas sobre o ministro do Esporte
Circula, em gabinetes do Senado e da Câmara dos Deputados, um texto sobre a conduta do ministro Orlando Silva, ao que tudo indica escrito por alguém do Ministério do Esporte, que responde ponto por ponto às interpelações que a mídia não se cansa de fazer sobre aquele que ficou conhecido como o "Caso da Tapioca". Clique aqui e veja a íntegra do documento, redigido sob a forma de perguntas e respostas.
Vale a pena clicar no link para entender melhor o tamanho da bagunça que a imprensa aprontou com essa história, mas seguem alguns exemplos significativos:
"O ministro devolveu o dinheiro por que havia cometido 'abusos com os cartões' como declararam alguns jornais?
Não. A própria Folha de S.Paulo, por exemplo, estampou manchete na primeira página que veiculou a idéia de 'abuso' como o motivo da devolução. O próprio ombudsman deste jornal, Mario Magalhães, apontou tal idéia como erro da publicação (...)"
"Como foi, afinal, o caso da Tapioca?
A despesa de R$8,30, realizada numa tapiocaria em Brasília, única cidade onde não podia ser realizado tal gasto, foi paga pelo ministro com o cartão de pagamentos do Governo Federal, muito parecido com o seu cartão pessoal. Assim que foi constatado o fato, muito antes de qualquer referência na imprensa, foi efetuada a devolução do recurso aos cofres públicos, em outubro de 2007, por iniciativa do próprio ministro." [Clique aqui para ver cópia do recibo da devolução]
"O episódio demonstra falta de seriedade com a gestão pública?
Não. O episódio revela rigor administrativo. Há um controle interno que acompanha todos os processos do ministério, o que permitiu identificar o erro e corrigir. O recurso deveria mesmo ser devolvido, fosse de oito centavos ou R$8 milhões."
Vale a pena clicar no link para entender melhor o tamanho da bagunça que a imprensa aprontou com essa história, mas seguem alguns exemplos significativos:
"O ministro devolveu o dinheiro por que havia cometido 'abusos com os cartões' como declararam alguns jornais?
Não. A própria Folha de S.Paulo, por exemplo, estampou manchete na primeira página que veiculou a idéia de 'abuso' como o motivo da devolução. O próprio ombudsman deste jornal, Mario Magalhães, apontou tal idéia como erro da publicação (...)"
"Como foi, afinal, o caso da Tapioca?
A despesa de R$8,30, realizada numa tapiocaria em Brasília, única cidade onde não podia ser realizado tal gasto, foi paga pelo ministro com o cartão de pagamentos do Governo Federal, muito parecido com o seu cartão pessoal. Assim que foi constatado o fato, muito antes de qualquer referência na imprensa, foi efetuada a devolução do recurso aos cofres públicos, em outubro de 2007, por iniciativa do próprio ministro." [Clique aqui para ver cópia do recibo da devolução]
"O episódio demonstra falta de seriedade com a gestão pública?
Não. O episódio revela rigor administrativo. Há um controle interno que acompanha todos os processos do ministério, o que permitiu identificar o erro e corrigir. O recurso deveria mesmo ser devolvido, fosse de oito centavos ou R$8 milhões."
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Nassif e as denúncias contra a Veja
O assunto do momento entre os blogs políticos é a série sobre a revista Veja que o jornalista Luis Nassif vem escrevendo em seu blog. Até agora, são 13 capítulos de denúncias graves, incontestavelmente respaldadas por matérias da própria revista e cheias de fontes e links. Coisa séria, bem-feita e muito corajosa, pois ele tá pondo nos holofotes um punhado de peixe grande!
Ora, a Veja ainda é a principal revista informativa do país, aquela que se gaba de pautar os assuntos da semana... Não seria de se esperar que ela utilizasse seu próprio poder de alcance e convencimento para (se fosse uma revista séria, explicar-se, mas já que é a Veja, pelo menos) responder e/ou tentar calar ou desqualificar Nassif com uma pesada contra-artilharia? Não seria. Se a revista tocar no assunto, traz à luz um tema que por enquanto ainda está restrito à chamada blogosfera. Mas Nassif pôs a Veja em uma sinuca de bico, porque o silêncio é praticamente uma confissão de culpa, e a blogosfera também não pretende ficar quietinha. Tá armada a bomba-relógio.
A revista optou por outra tática. Sem qualquer alarde, decidiu processar o incômodo denunciante. Veja e mais dois de seus jornalistas, sendo que estes entraram com duas ações cada. Claro que é direito legítimo de um ofendido entrar na justiça contra quem o ofende, não questiono isso, apenas não consigo não perceber a óbvia intenção por trás da atitude. São cinco ações bancadas por um grande grupo de mídia contra um único jornalista que se expressa de forma independente, que sozinho não tem a menor condição de bancar advogado pra isso tudo: é claro e cristalino que Veja usa a legitimidade da Justiça não para fazer justiça, mas para intimidar pelo bolso, ponto em que leva uma vantagem até covarde. (Se bem que faz sentido...)
Enquanto isso, a chamada grande imprensa não sabe de nada, não viu nada, e quando instigada por uns e outros leitores mais insistentes faz cara de paisagem e manda respostas automáticas que nada respondem. O Globo, Folha, Estadão & cia parecem temer que seus leitores descubram que é possível questionar! Por quê será? A princípio, supõe-se que "informação" seja o produto desse negócio, porque ignorar informações tão quentes? Quem não deve não teme...
Update em 22/02:
Vi agora no SIVUCA e apóio totalmente a Campanha UM ASSINANTE A MENOS. A disseminação do dossiê pelos blogueiros é ótima mas tem suas limitações, agora é hora de cada um convencer um amigo ou parente a cancelar sua assinatura da Veja. Material para convencimento há farto. Além do Dossiê do Nassif, também vale demais a leitura do Dossiê Veja da Revista NovaE.
Copie, publique em seu blog, imprima e multiplique. UM ASSINANTE A MENOS dói onde eles sentem dor: no bolso.
Ora, a Veja ainda é a principal revista informativa do país, aquela que se gaba de pautar os assuntos da semana... Não seria de se esperar que ela utilizasse seu próprio poder de alcance e convencimento para (se fosse uma revista séria, explicar-se, mas já que é a Veja, pelo menos) responder e/ou tentar calar ou desqualificar Nassif com uma pesada contra-artilharia? Não seria. Se a revista tocar no assunto, traz à luz um tema que por enquanto ainda está restrito à chamada blogosfera. Mas Nassif pôs a Veja em uma sinuca de bico, porque o silêncio é praticamente uma confissão de culpa, e a blogosfera também não pretende ficar quietinha. Tá armada a bomba-relógio.
A revista optou por outra tática. Sem qualquer alarde, decidiu processar o incômodo denunciante. Veja e mais dois de seus jornalistas, sendo que estes entraram com duas ações cada. Claro que é direito legítimo de um ofendido entrar na justiça contra quem o ofende, não questiono isso, apenas não consigo não perceber a óbvia intenção por trás da atitude. São cinco ações bancadas por um grande grupo de mídia contra um único jornalista que se expressa de forma independente, que sozinho não tem a menor condição de bancar advogado pra isso tudo: é claro e cristalino que Veja usa a legitimidade da Justiça não para fazer justiça, mas para intimidar pelo bolso, ponto em que leva uma vantagem até covarde. (Se bem que faz sentido...)
Enquanto isso, a chamada grande imprensa não sabe de nada, não viu nada, e quando instigada por uns e outros leitores mais insistentes faz cara de paisagem e manda respostas automáticas que nada respondem. O Globo, Folha, Estadão & cia parecem temer que seus leitores descubram que é possível questionar! Por quê será? A princípio, supõe-se que "informação" seja o produto desse negócio, porque ignorar informações tão quentes? Quem não deve não teme...
Update em 22/02:
Vi agora no SIVUCA e apóio totalmente a Campanha UM ASSINANTE A MENOS. A disseminação do dossiê pelos blogueiros é ótima mas tem suas limitações, agora é hora de cada um convencer um amigo ou parente a cancelar sua assinatura da Veja. Material para convencimento há farto. Além do Dossiê do Nassif, também vale demais a leitura do Dossiê Veja da Revista NovaE.
Copie, publique em seu blog, imprima e multiplique. UM ASSINANTE A MENOS dói onde eles sentem dor: no bolso.
Brasil é credor externo pela primeira vez na história
(Com informações da Agência Brasil)
O Brasil passou a ser credor externo, fato inédito na história do país, segundo o Banco Central. Isso foi possível com a redução da dívida externa total líquida, ou seja, as reservas internacionais e outros ativos são maiores do que a dívida externa. Ainda segundo o BC, a estimativa para o fechamento de janeiro de 2008 é de que o montante da dívida líquida se tornará negativo em mais de US$ 4 bilhões!
Mais uma vez, Lula pode dizer que nunca antes na história desse país alguém conseguiu fazer o que ele fez.
ISSO NÃO É NOTÍCIA, NÃO???
Depende do ponto de vista... Na capa da Folha online, não tem nem uma chamadinha pra essa notícia. Mas tem sobre a BBB que desmaiou na prova do líder. Na capa do G1, nada também. Mas tem até foto pra notícia do nascimento dos gêmeos da Jennifer Lopez. Globo on-line? Mesma coisa. Mas lá você fica sabendo que o Eike Batista quer comprar o Hotel Glória. UAU!
Jornais impressos e audiovisuais não podem simplesmente ignorar a notícia, mas podem diminuir seu impacto. Na capa do Globo, a manchete é "Brasil reúne recursos para pagar toda a dívida externa". Eu fiquei com a impressão que o país estava fazendo uma vaquinha! Na rádio Guarani, a jornalista teve a cara de pau de incluir entre as razões da reviravolta o fator... SORTE! Sorte porque o cenário internacional está "favorável". Arrã. E ainda disseram que se o governo fizesse um monte de coisa diferente estaria crescendo muito mais, mais até que a china! Ô, gente, se era tão simples, pq não fizeram antes?
----
Saiba mais:
Conversa Afiada - Dívida externa: Lula x FHC
Blog do Mello - Fim da dívida externa, fim da era FHC
Blog Entrelinhas - PSOL perde mais uma bandeira
O Brasil passou a ser credor externo, fato inédito na história do país, segundo o Banco Central. Isso foi possível com a redução da dívida externa total líquida, ou seja, as reservas internacionais e outros ativos são maiores do que a dívida externa. Ainda segundo o BC, a estimativa para o fechamento de janeiro de 2008 é de que o montante da dívida líquida se tornará negativo em mais de US$ 4 bilhões!
Mais uma vez, Lula pode dizer que nunca antes na história desse país alguém conseguiu fazer o que ele fez.
ISSO NÃO É NOTÍCIA, NÃO???
Depende do ponto de vista... Na capa da Folha online, não tem nem uma chamadinha pra essa notícia. Mas tem sobre a BBB que desmaiou na prova do líder. Na capa do G1, nada também. Mas tem até foto pra notícia do nascimento dos gêmeos da Jennifer Lopez. Globo on-line? Mesma coisa. Mas lá você fica sabendo que o Eike Batista quer comprar o Hotel Glória. UAU!
Jornais impressos e audiovisuais não podem simplesmente ignorar a notícia, mas podem diminuir seu impacto. Na capa do Globo, a manchete é "Brasil reúne recursos para pagar toda a dívida externa". Eu fiquei com a impressão que o país estava fazendo uma vaquinha! Na rádio Guarani, a jornalista teve a cara de pau de incluir entre as razões da reviravolta o fator... SORTE! Sorte porque o cenário internacional está "favorável". Arrã. E ainda disseram que se o governo fizesse um monte de coisa diferente estaria crescendo muito mais, mais até que a china! Ô, gente, se era tão simples, pq não fizeram antes?
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Saiba mais:
Conversa Afiada - Dívida externa: Lula x FHC
Blog do Mello - Fim da dívida externa, fim da era FHC
Blog Entrelinhas - PSOL perde mais uma bandeira
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
O Brasil que o PIG não vê
(Do blog Os Amigos do Presidente Lula)
Em 2007 foram vendidos 30% a mais de computados que televisores, graças as classes populares.
Foram vendidos 10,7 milhões de computadores, impulsionadas pela demanda da classe C.
Com isso o Brasil tornou-se o 5º maior mercado mundial de PCs, e deve tornar-se o 3º até 2010, ultrapassando a Inglaterra e o Japão:
1) Estados Unidos - 64 milhões
2) China - 36 milhões
3) Japão - 13 milhões
4) Inglaterra (Reino Unido) - 11,2 milhões
5) Brasil - 10,7 milhões
A Positivo Informática, empresa brasileira montadora de micros, foi a maior vendedora, com uma produção de 1,389 milhão de computadores em 2007, ficando à frente de multinacionais como HP, Dell e Lenovo.
A Positivo tornou-se a 10ª maior fabricante de PC's no mundo, com faturamento de 2,092 bilhões de reais no último ano (um salto de 54,3%) e registrou lucro líquido de 254,2 milhões de reais, um aumento de 66,3% em relação a 2006.
Se o PIG dá pouco destaque a esse fenômeno, os novos internautas, por sua vez, também estão dando cada vez menos importância ao PIG.
Em 2007 foram vendidos 30% a mais de computados que televisores, graças as classes populares.
Foram vendidos 10,7 milhões de computadores, impulsionadas pela demanda da classe C.
Com isso o Brasil tornou-se o 5º maior mercado mundial de PCs, e deve tornar-se o 3º até 2010, ultrapassando a Inglaterra e o Japão:
1) Estados Unidos - 64 milhões
2) China - 36 milhões
3) Japão - 13 milhões
4) Inglaterra (Reino Unido) - 11,2 milhões
5) Brasil - 10,7 milhões
A Positivo Informática, empresa brasileira montadora de micros, foi a maior vendedora, com uma produção de 1,389 milhão de computadores em 2007, ficando à frente de multinacionais como HP, Dell e Lenovo.
A Positivo tornou-se a 10ª maior fabricante de PC's no mundo, com faturamento de 2,092 bilhões de reais no último ano (um salto de 54,3%) e registrou lucro líquido de 254,2 milhões de reais, um aumento de 66,3% em relação a 2006.
Se o PIG dá pouco destaque a esse fenômeno, os novos internautas, por sua vez, também estão dando cada vez menos importância ao PIG.
Ameaça velada
(Do blog Fazendo Media)
Durante a sessão de ontem em que foi votada a MP da TV Pública, o presidente da Câmara Arlindo Chinaglia disse, por volta das 21h: "Hoje um jornalista procurou meu assessor de imprensa e queria uma entrevista sobre os gastos da Câmara. Não há nenhuma outra instância do poder público que seja tão transparente quanto a Câmara. Como eu, assim como outros líderes de partido, disse que não iria dar a entrevista para não servir como suporte para uma matéria como essa, o jornalista virou-se para meu assessor e disse: 'Se ele não responder pode acabar virando o personagem principal da reportagem'. Como a ineficácia da ameaça é óbvia, eu prefiro dizer que não entendi. Mas faço questão de relatar este fato a meus pares". Chinaglia não disse o nome do jornalista e nem para que veículo de comunicação trabalha.
Durante a sessão de ontem em que foi votada a MP da TV Pública, o presidente da Câmara Arlindo Chinaglia disse, por volta das 21h: "Hoje um jornalista procurou meu assessor de imprensa e queria uma entrevista sobre os gastos da Câmara. Não há nenhuma outra instância do poder público que seja tão transparente quanto a Câmara. Como eu, assim como outros líderes de partido, disse que não iria dar a entrevista para não servir como suporte para uma matéria como essa, o jornalista virou-se para meu assessor e disse: 'Se ele não responder pode acabar virando o personagem principal da reportagem'. Como a ineficácia da ameaça é óbvia, eu prefiro dizer que não entendi. Mas faço questão de relatar este fato a meus pares". Chinaglia não disse o nome do jornalista e nem para que veículo de comunicação trabalha.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
Avaliação do governo é a melhor desde 2003
(Fonte: Agência Brasil)
Pesquisa CNT/Sensus divulgada hoje (18) aponta o maior índice de aprovação do governo Luiz Inácio Lula da Silva desde dezembro de 2003, ano de seu primeiro mandato. Dos 2 mil entrevistados, 52,7% consideram a administração positiva (ótima ou boa), 13,7% a avaliam como negativa (ruim ou péssima) e 32,5%, como regular.
De acordo com a série histórica da pesquisa, o governo atinge agora o maior percentual de satisfação – o mais próximo que havia chegado do status atual foi 51,6%, em maio de 2003. No mesmo mês, o governo também atingiu o menor percentual de insatisfação: 7,2%. Desde então, a maior avaliação negativa foi de 29%, em novembro de 2005.
Vale ressaltar a observação do jornalista Luis Carlos Azenha, "só este ano já tivemos a 'epidemia' de febre amarela, o 'fantasma' do apagão elétrico, a 'falência' econômica do Brasil e o escândalo da tapioca. (...) Qual será a próxima crise a ser promovida pela coligação Folha-Estadão-Veja-TV Globo?"
Eu sugiro fazermos um bolão...
Pesquisa CNT/Sensus divulgada hoje (18) aponta o maior índice de aprovação do governo Luiz Inácio Lula da Silva desde dezembro de 2003, ano de seu primeiro mandato. Dos 2 mil entrevistados, 52,7% consideram a administração positiva (ótima ou boa), 13,7% a avaliam como negativa (ruim ou péssima) e 32,5%, como regular.
De acordo com a série histórica da pesquisa, o governo atinge agora o maior percentual de satisfação – o mais próximo que havia chegado do status atual foi 51,6%, em maio de 2003. No mesmo mês, o governo também atingiu o menor percentual de insatisfação: 7,2%. Desde então, a maior avaliação negativa foi de 29%, em novembro de 2005.
Vale ressaltar a observação do jornalista Luis Carlos Azenha, "só este ano já tivemos a 'epidemia' de febre amarela, o 'fantasma' do apagão elétrico, a 'falência' econômica do Brasil e o escândalo da tapioca. (...) Qual será a próxima crise a ser promovida pela coligação Folha-Estadão-Veja-TV Globo?"
Eu sugiro fazermos um bolão...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Azenha dá o furo: vacina causou mesmo uma morte!
Ontem, o jornalista Luiz Carlos Azenha publicou em seu site, em primeira mão, a matéria da jornalista Conceição Lemes sobre a confirmação da suspeita de que a vacina desnecessária foi mesmo a causa da morte de uma mulher de 79 anos.
Conceição Lemes é a mesma jornalista que elaborou este brilhante guia sobre a febre amarela, para esclarecer dúvidas importantes que a imprensa, mais preocupada em disseminar o pânico, não esclareceu.
Até anteontem, já foram 52 casos suspeitos de eventos adversos pós-vacina. Enquanto surgiam os primeiros casos de febre amarela no ano, nada destoantes da média de sempre, todo o PIG se alvoroçou em alertar a população. Eliane Castanhêde, ícone da irresponsabilidade amarela do PIG, fez um comovente apelo pró-vacina em sua coluna na Folha. Pronunciamentos oficiais do governo acalmando a população eram ignorados ou tratados com sarcasmo. Quando morreu a primeira suposta vítima da "overdose de vacina", falou-se disso o mínimo possível, e logo uma conveniente suspeita sobre a compra de uma tapioca tratou de ocupar as pautas diárias.
Quase não se fala mais em febre amarela. Mas agora a suspeita se confirmou. A morte FOI MESMO por causa da vacina. Só que pro PIG isso já não interessa mais...
Conceição Lemes é a mesma jornalista que elaborou este brilhante guia sobre a febre amarela, para esclarecer dúvidas importantes que a imprensa, mais preocupada em disseminar o pânico, não esclareceu.
Até anteontem, já foram 52 casos suspeitos de eventos adversos pós-vacina. Enquanto surgiam os primeiros casos de febre amarela no ano, nada destoantes da média de sempre, todo o PIG se alvoroçou em alertar a população. Eliane Castanhêde, ícone da irresponsabilidade amarela do PIG, fez um comovente apelo pró-vacina em sua coluna na Folha. Pronunciamentos oficiais do governo acalmando a população eram ignorados ou tratados com sarcasmo. Quando morreu a primeira suposta vítima da "overdose de vacina", falou-se disso o mínimo possível, e logo uma conveniente suspeita sobre a compra de uma tapioca tratou de ocupar as pautas diárias.
Quase não se fala mais em febre amarela. Mas agora a suspeita se confirmou. A morte FOI MESMO por causa da vacina. Só que pro PIG isso já não interessa mais...
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
A TV pública na reta do PIG
No Bom Dia Brasil de hoje, em editorial sobre a necessidade de se criar novas regras para a edição de Medidas Provisórias, Alexandre Gracinha evoca a Constituição para lembrar que as MPs devem ser usadas apenas para assuntos "relevantes e urgentes", e exemplifica, assim, como quem não quer nada: "mas qual seria a relevância e a urgência de, por exemplo, a criação de uma TV Pública no Brasil?"
Rá. Tava demorando.
Segundo o G1, 12 MPs trancam a pauta do congresso atualmente. Os jornais que vi não falaram quais são as outras 11, mas o grande alvo da oposição (e óbvio, da grande imprensa) é a Empresa Brasileira de Comunicação – EBC: "A oposição promete uma 'guerra' contra a medida e tenta atrasar ao máximo sua aprovação."
Basta correr os olhos no site da TV Pública e dar uma olhada na sua programação para entender o por quê tanto da promessa de guerra, quanto da urgência e relevância de sua criação (não por acaso, é um motivo só nos dois casos). Também é possível assistir ao canal ao vivo pela internet, apesar de ele ainda ter difusão restrita na TV aberta.
Assim como quem tem mesa farta todo dia não entende a importância de se dar pão a quem tem fome, os partidários do PIG não surpreendem ao querer barrar a TV Pública. Se o cidadão bem alimentado já tá avacalhando seus planos, quando ele estiver bem informado também será uma tragédia!
E você, tem fome de quê?
Rá. Tava demorando.
Segundo o G1, 12 MPs trancam a pauta do congresso atualmente. Os jornais que vi não falaram quais são as outras 11, mas o grande alvo da oposição (e óbvio, da grande imprensa) é a Empresa Brasileira de Comunicação – EBC: "A oposição promete uma 'guerra' contra a medida e tenta atrasar ao máximo sua aprovação."
Basta correr os olhos no site da TV Pública e dar uma olhada na sua programação para entender o por quê tanto da promessa de guerra, quanto da urgência e relevância de sua criação (não por acaso, é um motivo só nos dois casos). Também é possível assistir ao canal ao vivo pela internet, apesar de ele ainda ter difusão restrita na TV aberta.
Assim como quem tem mesa farta todo dia não entende a importância de se dar pão a quem tem fome, os partidários do PIG não surpreendem ao querer barrar a TV Pública. Se o cidadão bem alimentado já tá avacalhando seus planos, quando ele estiver bem informado também será uma tragédia!
E você, tem fome de quê?
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Era uma vez... o causaéreo!
Causaéreo: substantivo masculino;
• derivado de "caos" e "aéreo";
• seção obrigatória dos jornais, revistas e telejornais da mídia conservadora (e golpista);
• no caso dos telejornais, deve ser pronunciado com expressão pungente e irada, ao mesmo tempo;
• substitui o que, no primeiro mandato do Presidente Lula, era "OcasoCelsoDaniel";
• consiste em atribuir ao Presidente Lula a queda do avião da Gol e a queda do avião da TAM;
• sinônimo de inépcia, ineficácia, incompetência do Presidente Lula;
• antônimo de "o maravilhoso Governo de Fernando Henrique Cardoso";
(...)
Clique aqui para ler o verbete completo no site do Paulo Henrique Amorim. O assunto é velho – o post é de julho do ano passado –, mas a explicação mostra bem qual é a do PIG. Já foi "OcasoCelsoDaniel", já foi "Causaéreo", já foi Febre Amarela, agora está sendo uma tapioca, mas na verdade só muda a embalagem, por dentro (pão bolorento), é a mesma coisa: bombardeio incessante ao governo, com o objetivo final de impedir que Lula faça seu sucessor nas próximas eleições.
Eu, particularmente, gostaria que o país continuasse no rumo que tomou desde 2002. Mas este blog existe para defender que cada cidadão tenha o direito de escolher CONSCIENTEMENTE o que quer, e para isso é fundamental o acesso à informação isenta e imparcial. Ou, no mínimo, o acesso aos vários lados de uma questão, o que possibilita uma análise justa.
• derivado de "caos" e "aéreo";
• seção obrigatória dos jornais, revistas e telejornais da mídia conservadora (e golpista);
• no caso dos telejornais, deve ser pronunciado com expressão pungente e irada, ao mesmo tempo;
• substitui o que, no primeiro mandato do Presidente Lula, era "OcasoCelsoDaniel";
• consiste em atribuir ao Presidente Lula a queda do avião da Gol e a queda do avião da TAM;
• sinônimo de inépcia, ineficácia, incompetência do Presidente Lula;
• antônimo de "o maravilhoso Governo de Fernando Henrique Cardoso";
(...)
Clique aqui para ler o verbete completo no site do Paulo Henrique Amorim. O assunto é velho – o post é de julho do ano passado –, mas a explicação mostra bem qual é a do PIG. Já foi "OcasoCelsoDaniel", já foi "Causaéreo", já foi Febre Amarela, agora está sendo uma tapioca, mas na verdade só muda a embalagem, por dentro (pão bolorento), é a mesma coisa: bombardeio incessante ao governo, com o objetivo final de impedir que Lula faça seu sucessor nas próximas eleições.
Eu, particularmente, gostaria que o país continuasse no rumo que tomou desde 2002. Mas este blog existe para defender que cada cidadão tenha o direito de escolher CONSCIENTEMENTE o que quer, e para isso é fundamental o acesso à informação isenta e imparcial. Ou, no mínimo, o acesso aos vários lados de uma questão, o que possibilita uma análise justa.
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
Luis Inácio falou...
Discurso e resposta a indagações de jornalistas que o presidente Lula formulou no dia 12 de março de 2008 a um grupo que a revista Economist reuniu, em Brasília.
"Esses dias eu recebi aqui o ex-presidente de Portugal, Mário Soares. Ele veio aqui, como jornalista, fazer uma entrevista para a TV Pública de Portugal. Ao se sentar, no meu gabinete, ele falou assim para mim: 'Presidente, eu não estou entendendo. Eu leio a imprensa estrangeira e vejo que o Brasil está muito bem, eu converso com empresários estrangeiros e vejo que a economia brasileira está muito bem. Mas quando eu leio a imprensa brasileira eu penso que o Brasil acabou, parece que acabou o Brasil'.
Ele foi conversar com algumas pessoas de oposição. Ele falou: 'Presidente, eu não acredito. O que as pessoas disseram para mim não é a realidade'. Até porque Portugal tem muitos investimentos no Brasil e ele conversa com os empresários portugueses. Quando chegou em Portugal ele escreveu um artigo muito importante, numa entrevista, vendo o que estava acontecendo no Brasil."
Sobre favelas e o Complexo do Alemão:
"Eu queria lembrar aos senhores que em 1970 São Paulo tinha apenas duas favelas. São Paulo tinha a Favela do Vergueiro, perto do aeroporto de Congonhas, na rua Vergueiro, que não existe mais. E tinha a favela da Vila Prudente, que ainda existe hoje, não em forma de favela como era na década de 70, bem menor do que era, mas já um pouco urbanizada. Hoje, São Paulo tem mais de dois milhões de brasileiros que moram em favelas.
Eu fui, na sexta-feira e no sábado passado, ao Rio de Janeiro. Fui à Rocinha, fui ao Complexo do Alemão e fui a Manguinhos. E fiquei surpreso porque onde hoje é o Complexo do Alemão, um lugar que vocês, habitualmente, vêem na imprensa como um lugar violento, de muita troca de tiros e de muita quadrilha guerreando entre si, na década de 50 era uma fazenda e, na década de 80 foi a grande ocupação, que virou a favela que é hoje. Depois, eu fiquei sabendo que a Rocinha também era uma fazenda e que a partir da década de 80 se transformou naquele complexo de pessoas morando em péssimas condições, como é hoje. Eu estou dizendo isso para dizer para vocês que se as coisas tivessem sido feitas corretamente por sucessivos governos, se cada um tivesse feito um pouco, certamente nós não teríamos nem dois milhões de paulistas morando em favelas e muitos menos teríamos complexos como Manguinhos, como Rocinha ou como o Complexo do Alemão, com gente morando em péssimas condições, possibilitando e facilitando o surgimento do crime organizado, do narcotráfico e de tanta violência.
E por que eu comecei falando do Complexo do Alemão? É porque parte da pobreza do nosso País se concentra muito fortemente a partir da década de 80. Possivelmente, alguns empresários de outros estados – o Gerdau está aqui no Rio Grande do Sul, quase tudo o que aconteceu de favelas foi exatamente a partir da década de 80 e veio se avolumando. E por que veio se avolumando? Porque é importante atentar que o Brasil passou praticamente 26 anos, quase uma geração e meia, com a economia crescendo aquém daquilo que era necessário crescer."
26 anos de estagnação econômica:
"Quando eu vejo na televisão uma cena da polícia prendendo um jovem... Normalmente, os ladrões, no Brasil, são jovens de 15 a 24 anos, a 30 anos. Ou seja, são todos eles, Gerdau, oriundos de 26 anos de atrofiamento da economia brasileira.
Eu, por exemplo, sou de uma categoria econômica que, na década de 80, tinha praticamente 2 milhões de trabalhadores no Brasil, e caiu mais de 1 milhão. Quem é da construção civil aqui, eu estou vendo muitos aqui, sabe que a construção civil brasileira, nos últimos 20 anos, só dispensou trabalhadores e contratou muito pouco, porque não havia nem investimentos na construção civil leve, e muito menos na construção civil pesada. A última grande obra de infra-estrutura de peso no Brasil foi Itaipu, em 1974. Certamente, hoje nós não faríamos Itaipu, porque a legislação ambiental e nem os ambientalistas permitiriam que nós fizéssemos do jeito que ela foi feita. Hoje ninguém permitiria que Sete Quedas tivesse desaparecido, que era uma das coisas mais extraordinárias do mundo e está hoje alagada pelo lago de Itaipu.
Pois bem, se durante 26 anos nós não crescemos, e nós geramos esse padrão de pobreza, que transforma o Brasil num dos países mais desiguais do mundo, era preciso que nós, então, tomássemos uma atitude de estancar isso e começar um novo processo."
As mudanças na educação:
"Nós tiramos 20 milhões de pessoas da extrema pobreza e vamos tirar mais. Os indicadores sociais, tanto os medidos pelos institutos brasileiros, como os medidos pelos institutos internacionais, que vai das instituições da ONU... Nós melhoramos gradativamente a posição social do Brasil. É um momento em que crescem os investimentos empresariais, cresce a entrada de dólar no Brasil, cresce a geração de empregos, cresce a renda das pessoas e ao mesmo tempo, cresce a inclusão social neste País. Agora, o que está faltando fazer? Educação, eu sei que vocês estão curiosos para discutir a educação. É uma pena que o meu ministro da Educação não tenha sido convidado para participar do seminário, já que é um tema extremamente importante e interessante. Mas, certamente, vocês receberão as informações, amanhã, do que está sendo feito na educação.
Eu vou dar dois exemplos para vocês: primeiro, nós criamos o Fundeb. No governo passado aconteceu uma coisa importante. Foi constituída a possibilidade da universalização do ensino fundamental. Nós chegamos a 97% das crianças nas escolas. Só que as pessoas não perceberam que quando você universaliza o ensino fundamental, você precisa saber que aquela criança, quando termina o ensino fundamental, tem que fazer outro curso. E não se pensou no ensino médio. Nós criamos o Fundeb para atender às necessidades das escolas de ensino médio para nove estados do Nordeste, que são as mais pobres, um Fundo que vai gastar, do governo federal, ou melhor, que vai investir mais 10 bilhões de reais no ensino fundamental. Segunda coisa: aumentamos de 8 para 9 anos a quantidade de anos de escolaridade no ensino fundamental. A terceira coisa: nós resolvemos recuperar a escola técnica profissional que, no Brasil, nós tanto carecemos. Vou dar um dado para vocês. A primeira escola técnica brasileira foi fundada em 1909 pelo presidente Nilo Peçanha, na cidade de Campos de Goitacazes. Em 1909 foi feita a primeira escola técnica brasileira, na cidade de Campos. De 1909 até 2003 foram construídas no Brasil 140 escolas técnicas. Até 2010, nós teremos funcionando no Brasil, mais 214 escolas técnicas brasileiras. Em oito anos, nós estamos fazendo quase o dobro do que foi feito em 93 anos.
A mesma coisa no ensino universitário. O Brasil, ao longo de toda a sua história, construiu 54 universidades federais. Nós vamos terminar o mandato construindo, em oito anos, dez novas universidades federais e 48 novas extensões universitárias, levando cursos universitários para o interior do País. A partir do mês que vem, no final de abril ou no começo de maio, eu dedicarei uma semana para inaugurar escolas neste País. Tinha sido aprovada uma lei, em 1998, que tirava do governo federal a responsabilidade de fazer investimentos em escolas técnicas e deixava por conta do mercado. O mercado não deu resposta e o Estado teve que voltar a assumir a responsabilidade de cuidar daquilo que o Brasil precisava.
Mais importante ainda, nós tínhamos um problema sério de colocar jovens pobres na universidade. Vocês sabem que aqui no Brasil – não sei como é na Inglaterra e nos Estados Unidos – o pobre estuda na escola pública, no ensino fundamental, e o rico estuda em escola paga. Isso, no ensino fundamental. Quando chega na universidade, o rico vai para a escola pública e o pobre vai para a universidade privada. Como o pobre não pode pagar a mensalidade, ele fica fora. O que nós fizemos? Nós criamos um programa chamado ProUni, fizemos uma isenção de imposto para as universidades privadas e transformamos o equivalente do imposto em bolsas de estudo. Pasmem! Em três anos já colocamos 360 mil jovens na universidade, jovens pobres da periferia e da escola pública. De que eu era acusado? Qual era a acusação que me faziam? "O presidente Lula está nivelando o ensino por baixo, está rebaixando o nível do ensino no Brasil, na medida em que criou o ProUni." Como eu sou católico e tenho sorte, três anos depois foi feita a primeira avaliação dos cursos universitários brasileiros. Em 14 áreas, incluindo Medicina e Engenharia, os melhores alunos avaliados foram, exatamente, os que iam nivelar por baixo a educação no Brasil: foram os alunos do ProUni, da periferia deste País.
Agora estamos fazendo uma outra pequena revolução na educação. Estamos criando outro programa chamado Reuni. O que é o Reuni? Nós estamos passando uma verba a mais para as universidades federais brasileiras e, em contrapartida, as universidades brasileiras, as federais, vão aumentar, de uma média de 12 alunos por professor, para uma média de 18 alunos por professor. Sabem o que significa isso? Mais 400 mil jovens brasileiros na universidade até 2010."
O preconceito contra o Bolsa Família:
"Uma pessoa de um meio de comunicação importante no Brasil, ficou indignada porque uma mulher do Bolsa Família comprou uma geladeira. Obviamente que ela não comprou com o dinheiro do Bolsa Família, mas o dinheiro do Bolsa Família pode ter ajudado a pagar a prestação. Isso porque não fizemos o nosso programa de renovação de geladeira que vamos fazer, se Deus quiser. A imprensa foi lá e entrevistou essa moça. Ela falou: 'não só eu comprei a geladeira, como estou de sandália nova porque eu pude comprar, eu compro sandália para os meus filhos'. Antes do Bolsa Família, tinha mulher que comprava um lápis e partia ao meio para dar para dois filhos ou para dar para dois netos. Hoje, ela se dá o prazer de comprar uma caixa de lápis para cada um. Isso não é investimento? Isso não é distribuição de renda? Isso não é investimento sadio? Então, no Brasil nós ainda temos que mudar determinados conceitos que foram criados ao longo do tempo."
Sobre a inclusão digital:
"Vamos levar para 55 mil escolas públicas urbanas, neste País, internet banda larga. Eu penso que será uma pequena revolução na educação, neste País. Em todas as escolas técnicas já temos laboratórios de informática. Criamos um programa chamado Computador para Todos, que eu acho que vocês conhecem, que diziam que era difícil, não ia dar cento. Hoje, o Brasil está vendendo computador como jamais pensou em vender na sua vida. E vender para as camadas mais pobres, porque nós estamos trabalhando com uma coisa que todo mundo deveria compreender: não é apenas olhar o preço final do produto, é saber se a quantidade de prestações que a pessoa vai pagar cabe dentro do seu salário."
Sobre a explosão da indústria automobilística:
"Por que a indústria automobilística brasileira está explodindo? Eu convivo com a indústria automobilística brasileira desde 1969, fui dirigente sindical desde 1975, presidente do sindicato. Sempre vi a indústria automobilística em crise, fechando em vermelho, não vende, (inaudível) do governo... Qual é o milagre? Dois milagres fundamentais: primeiro, aumentar a renda das pessoas; segundo: aumentar a quantidade de prestações que a pessoa tem que pagar pelo carro, porque se vendia carro para pagar em 24 meses ou em 30 meses, tinha sempre o mesmo segmento da sociedade que podia comprar. Eu tenho na minha cabeça que o povo quer três coisas: casa, casar com uma mulher bonita, e a mulher quer casar com um homem bonito e ter um carro. Carro ainda é uma paixão, hoje repartida com o computador.
O que fez a indústria automobilística? Aumentou a quantidade de prestações, saiu de 36 ou de 24 para 72, para 82. E o que aconteceu? Aconteceu que a indústria automobilística corre o risco de, já no próximo ano, atingir a totalidade da sua capacidade produtiva. Hoje, as pessoas estão esperando 6 meses para comprar um caminhão, se for um caminhão pesado, espera até 9 meses. As pessoas estão na fila para comprar carro. Até ontem, a empresa ia quebrar: 'eu vou embora do Brasil, porque não está dando para vender'."
Governar para os ricos é mais fácil:
"Se eu quiser governar o Brasil para 35 milhões, eu não terei problemas, porque o Brasil tem espaço para 35 ou 40 milhões de brasileiros viverem em padrão de classe média alta européia. Se eu quiser governar só para esses, eu não preciso, realmente, fazer investimento do Estado. Agora, se eu quiser e o Brasil desejar incluir os milhões que estão deserdados, aí, realmente, nós vamos ter que gastar. Eu vou dar um exemplo. Seria importante vocês deixarem dois ou três jornalistas aqui, para andar um pouco no Brasil. Quando criei o programa chamado Luz para Todos, eu tinha uma informação do IBGE, de que no Brasil tinham 10 milhões de pessoas que não tinham energia elétrica. Criamos o programa Luz para Todos. Esse programa já utilizou 460 mil quilômetros de cabos – imaginem quantas vezes a gente poderia ter enrolado a Terra – já colocamos mais de 3 milhões e 600 mil postes, já colocamos mais de 500 mil transformadores e já gastamos mais de 8 bilhões de reais. Oitenta por cento financiado pelo governo federal e 20% pelos estados. Alguns estados não podem pagar e nós pagamos também.
Alguém, analisando apenas com uma visão estritamente econômica, poderia dizer: 'mas isso não é possível, tem que cobrar'. Se cobrar não tem energia, porque as pessoas não têm como pagar. Agora que nós já fizemos, e quase 8 milhões de pessoas já receberam, nós descobrimos que os dados do IBGE estavam errados. Apareceram mais 1 milhão e 564 mil pessoas sem luz, e vamos ter que levar, até 2010, para todo mundo. Custa para o Estado? Custa. Alguém que estivesse discutindo do ponto de vista econômico poderia dizer: 'custa para o estado, é verdade presidente Lula, custa para o Estado'. E eu poderia perguntar: quanto custa para o Estado deixar essa pessoa vivendo no século XVIII quando nos poderíamos trazê-la para o século XIX com um cabo, um poste e um bico de luz? É preciso ter a sensação do que significa chegar a uma casa, encontrar uma família no escuro – uma lata de coca-cola com pavio, a lata cheia de querosene – e as crianças lendo em torno da lata, a fumaceira cobrindo a casa. Aí, você monta o Programa, chama a mulher e aperta uma tomada. Quando a luz acende dentro da casa dela, é como se você tivesse a tivesse transportado do século XVIII para o século XXI, e não há dinheiro que pague. Como custam R$ 4,5 bilhões, que estamos investindo para tentar trazer de volta para a cidadania 4 milhões e 100 mil jovens, de 15 a 24 anos. Ou nós colocamos esse dinheiro, dando uma ajuda para eles e formando-os profissionalmente, ou o narcotráfico e o crime organizado vão oferecer a eles o que o Estado não oferece. Essa guerra eu não quero perder. Eu quero ganhar.
Por isso, quando a gente discutir os gastos do Estado, nós temos que olhar comparando a quê? Alguns países estão prontos há pelo menos 60, 70, 80 anos. Nós precisamos ficar prontos e só ficaremos prontos quando a totalidade dos brasileiros estiver participando desse processo de desenvolvimento do País. Caso contrário, não valeu à pena a gente governar o País se o resultado, no final do mandato, for a gente continuar com a mesma quantidade de gente na classe média, com a mesma quantidade de ricos e com a mesma quantidade de pobres. Eu quero aumentar o número de ricos, quero aumentar o número de gente na classe média e quero acabar com a pobreza neste País. Por isso, para nós é uma questão de honra não abrirmos mão de fazer as políticas sociais que estamos fazendo agora. E vou fazer mais."
CPMF: derrota não paralisa o Governo:
"Vocês sabem que a oposição derrotou o imposto que nós tínhamos sobre transações financeiras. E não derrotou porque era contra o imposto, não, derrotou porque acharam que era demais garantir ao governo do Lula ter 120 bilhões de reais até 2010, e era preciso diminuir. Nós lamentamos. Chorar não choramos, mas lamentamos. Nós tínhamos aprovado um Programa de Saúde que era uma revolução na Saúde, e eu vou implementá-lo. O dinheiro vai aparecer, e podem ficar tranqüilos que eu não vou aumentar tributo e o dinheiro vai aparecer. Podem ficar certos de que nós vamos gastar melhor o que temos que gastar e economizar onde não é essencial, para a gente gastar onde é essencial. Eu tenho um sonho, que é levar médico, levar dentista, levar oftalmologista e levar otorrino dentro das escolas para fazer exame nas crianças, dentro da escola. Eu tinha isso na década de 60. Está certo que nós tínhamos pouca gente na escola, mas na década de 60 o Estado brasileiro oferecia dentista para cuidar dos dentes das crianças. Se vocês andarem pelo Nordeste brasileiro, apesar de tudo que nós já fizemos com o Brasil Sorridente, nós ainda temos muitas meninas e meninos de 18 ou 19 anos sem dentes. Quem vai cuidar disso? A iniciativa privada só vai cuidar disso se essa pessoa tiver renda para pagar. Se ela não tiver, é o Estado que tem que fazer. Na hora em que o Estado cumprir com as suas obrigações, podem ficar certos de que as próprias pessoas vão tratar de exigir que o Estado seja cada vez menos intrometido nas coisas que não precisa se intrometer. Mas sem o Estado não haverá inclusão social neste País, sem o Estado a gente não consegue recuperar um século de descaso com parte da população mais pobre deste País. E é por isso que nós estamos vivendo este momento.
Quero dizer para vocês que vamos crescer mais em 2008, que vamos fazer mais políticas sociais em 2008, que queremos exportar mais em 2008, que queremos importar mais em 2008, que queremos consolidar o Brasil como a principal potência dos combustíveis renováveis, e queremos inserir o Brasil, cada vez mais forte e sólido, neste mundo globalizado. Sabemos que temos que trabalhar muito e sabemos que a única chance que nós temos de chegar lá é nos colocarmos diante do mundo com a seriedade que nós queremos das pessoas."
Reforma tributária:
"Vivo um momento muito importante para o meu País. Eu tenho muita sorte, porque passei 30 anos fazendo oposição e os outros presidentes não tiveram condições de viver este momento. Eu espero, quando deixar o governo, não voltar a ser tão oposição mais, porque eu espero eleger o meu sucessor e espero que este País tenha seqüência. Nós precisamos de, no mínimo, 10 ou 15 anos de crescimento sustentável para que a gente possa recuperar todo o tempo que nós perdemos. É assim que nós vamos governar o Brasil, é assim que nós vamos aprovar a reforma tributária. Podem escrever nas suas matérias, nós vamos aprovar a reforma tributária este ano. A oposição passou oito anos falando em reforma tributária e agora está lá o projeto, é só votar. Podem fazer uma emenda aqui, outra emenda ali, mas vão votar. Uma reforma tributária justa, que diminua a quantidade de impostos que temos neste País, que facilite a vida de quem quer investir, que facilite a vida de quem construir um negócio, que facilite a vida do povo, que reduza a quantidade de tributos e, ao mesmo tempo, que a gente acabe com a guerra fiscal fratricida neste País. Eu acho que nós vamos aprovar, não sei por que eu estou otimista. Espero contar, sobretudo, com o apoio de vocês, empresários brasileiros, conversando com quem vocês conhecem, para a gente aprovar isso."
"Esses dias eu recebi aqui o ex-presidente de Portugal, Mário Soares. Ele veio aqui, como jornalista, fazer uma entrevista para a TV Pública de Portugal. Ao se sentar, no meu gabinete, ele falou assim para mim: 'Presidente, eu não estou entendendo. Eu leio a imprensa estrangeira e vejo que o Brasil está muito bem, eu converso com empresários estrangeiros e vejo que a economia brasileira está muito bem. Mas quando eu leio a imprensa brasileira eu penso que o Brasil acabou, parece que acabou o Brasil'.
Ele foi conversar com algumas pessoas de oposição. Ele falou: 'Presidente, eu não acredito. O que as pessoas disseram para mim não é a realidade'. Até porque Portugal tem muitos investimentos no Brasil e ele conversa com os empresários portugueses. Quando chegou em Portugal ele escreveu um artigo muito importante, numa entrevista, vendo o que estava acontecendo no Brasil."
Sobre favelas e o Complexo do Alemão:
"Eu queria lembrar aos senhores que em 1970 São Paulo tinha apenas duas favelas. São Paulo tinha a Favela do Vergueiro, perto do aeroporto de Congonhas, na rua Vergueiro, que não existe mais. E tinha a favela da Vila Prudente, que ainda existe hoje, não em forma de favela como era na década de 70, bem menor do que era, mas já um pouco urbanizada. Hoje, São Paulo tem mais de dois milhões de brasileiros que moram em favelas.
Eu fui, na sexta-feira e no sábado passado, ao Rio de Janeiro. Fui à Rocinha, fui ao Complexo do Alemão e fui a Manguinhos. E fiquei surpreso porque onde hoje é o Complexo do Alemão, um lugar que vocês, habitualmente, vêem na imprensa como um lugar violento, de muita troca de tiros e de muita quadrilha guerreando entre si, na década de 50 era uma fazenda e, na década de 80 foi a grande ocupação, que virou a favela que é hoje. Depois, eu fiquei sabendo que a Rocinha também era uma fazenda e que a partir da década de 80 se transformou naquele complexo de pessoas morando em péssimas condições, como é hoje. Eu estou dizendo isso para dizer para vocês que se as coisas tivessem sido feitas corretamente por sucessivos governos, se cada um tivesse feito um pouco, certamente nós não teríamos nem dois milhões de paulistas morando em favelas e muitos menos teríamos complexos como Manguinhos, como Rocinha ou como o Complexo do Alemão, com gente morando em péssimas condições, possibilitando e facilitando o surgimento do crime organizado, do narcotráfico e de tanta violência.
E por que eu comecei falando do Complexo do Alemão? É porque parte da pobreza do nosso País se concentra muito fortemente a partir da década de 80. Possivelmente, alguns empresários de outros estados – o Gerdau está aqui no Rio Grande do Sul, quase tudo o que aconteceu de favelas foi exatamente a partir da década de 80 e veio se avolumando. E por que veio se avolumando? Porque é importante atentar que o Brasil passou praticamente 26 anos, quase uma geração e meia, com a economia crescendo aquém daquilo que era necessário crescer."
26 anos de estagnação econômica:
"Quando eu vejo na televisão uma cena da polícia prendendo um jovem... Normalmente, os ladrões, no Brasil, são jovens de 15 a 24 anos, a 30 anos. Ou seja, são todos eles, Gerdau, oriundos de 26 anos de atrofiamento da economia brasileira.
Eu, por exemplo, sou de uma categoria econômica que, na década de 80, tinha praticamente 2 milhões de trabalhadores no Brasil, e caiu mais de 1 milhão. Quem é da construção civil aqui, eu estou vendo muitos aqui, sabe que a construção civil brasileira, nos últimos 20 anos, só dispensou trabalhadores e contratou muito pouco, porque não havia nem investimentos na construção civil leve, e muito menos na construção civil pesada. A última grande obra de infra-estrutura de peso no Brasil foi Itaipu, em 1974. Certamente, hoje nós não faríamos Itaipu, porque a legislação ambiental e nem os ambientalistas permitiriam que nós fizéssemos do jeito que ela foi feita. Hoje ninguém permitiria que Sete Quedas tivesse desaparecido, que era uma das coisas mais extraordinárias do mundo e está hoje alagada pelo lago de Itaipu.
Pois bem, se durante 26 anos nós não crescemos, e nós geramos esse padrão de pobreza, que transforma o Brasil num dos países mais desiguais do mundo, era preciso que nós, então, tomássemos uma atitude de estancar isso e começar um novo processo."
As mudanças na educação:
"Nós tiramos 20 milhões de pessoas da extrema pobreza e vamos tirar mais. Os indicadores sociais, tanto os medidos pelos institutos brasileiros, como os medidos pelos institutos internacionais, que vai das instituições da ONU... Nós melhoramos gradativamente a posição social do Brasil. É um momento em que crescem os investimentos empresariais, cresce a entrada de dólar no Brasil, cresce a geração de empregos, cresce a renda das pessoas e ao mesmo tempo, cresce a inclusão social neste País. Agora, o que está faltando fazer? Educação, eu sei que vocês estão curiosos para discutir a educação. É uma pena que o meu ministro da Educação não tenha sido convidado para participar do seminário, já que é um tema extremamente importante e interessante. Mas, certamente, vocês receberão as informações, amanhã, do que está sendo feito na educação.
Eu vou dar dois exemplos para vocês: primeiro, nós criamos o Fundeb. No governo passado aconteceu uma coisa importante. Foi constituída a possibilidade da universalização do ensino fundamental. Nós chegamos a 97% das crianças nas escolas. Só que as pessoas não perceberam que quando você universaliza o ensino fundamental, você precisa saber que aquela criança, quando termina o ensino fundamental, tem que fazer outro curso. E não se pensou no ensino médio. Nós criamos o Fundeb para atender às necessidades das escolas de ensino médio para nove estados do Nordeste, que são as mais pobres, um Fundo que vai gastar, do governo federal, ou melhor, que vai investir mais 10 bilhões de reais no ensino fundamental. Segunda coisa: aumentamos de 8 para 9 anos a quantidade de anos de escolaridade no ensino fundamental. A terceira coisa: nós resolvemos recuperar a escola técnica profissional que, no Brasil, nós tanto carecemos. Vou dar um dado para vocês. A primeira escola técnica brasileira foi fundada em 1909 pelo presidente Nilo Peçanha, na cidade de Campos de Goitacazes. Em 1909 foi feita a primeira escola técnica brasileira, na cidade de Campos. De 1909 até 2003 foram construídas no Brasil 140 escolas técnicas. Até 2010, nós teremos funcionando no Brasil, mais 214 escolas técnicas brasileiras. Em oito anos, nós estamos fazendo quase o dobro do que foi feito em 93 anos.
A mesma coisa no ensino universitário. O Brasil, ao longo de toda a sua história, construiu 54 universidades federais. Nós vamos terminar o mandato construindo, em oito anos, dez novas universidades federais e 48 novas extensões universitárias, levando cursos universitários para o interior do País. A partir do mês que vem, no final de abril ou no começo de maio, eu dedicarei uma semana para inaugurar escolas neste País. Tinha sido aprovada uma lei, em 1998, que tirava do governo federal a responsabilidade de fazer investimentos em escolas técnicas e deixava por conta do mercado. O mercado não deu resposta e o Estado teve que voltar a assumir a responsabilidade de cuidar daquilo que o Brasil precisava.
Mais importante ainda, nós tínhamos um problema sério de colocar jovens pobres na universidade. Vocês sabem que aqui no Brasil – não sei como é na Inglaterra e nos Estados Unidos – o pobre estuda na escola pública, no ensino fundamental, e o rico estuda em escola paga. Isso, no ensino fundamental. Quando chega na universidade, o rico vai para a escola pública e o pobre vai para a universidade privada. Como o pobre não pode pagar a mensalidade, ele fica fora. O que nós fizemos? Nós criamos um programa chamado ProUni, fizemos uma isenção de imposto para as universidades privadas e transformamos o equivalente do imposto em bolsas de estudo. Pasmem! Em três anos já colocamos 360 mil jovens na universidade, jovens pobres da periferia e da escola pública. De que eu era acusado? Qual era a acusação que me faziam? "O presidente Lula está nivelando o ensino por baixo, está rebaixando o nível do ensino no Brasil, na medida em que criou o ProUni." Como eu sou católico e tenho sorte, três anos depois foi feita a primeira avaliação dos cursos universitários brasileiros. Em 14 áreas, incluindo Medicina e Engenharia, os melhores alunos avaliados foram, exatamente, os que iam nivelar por baixo a educação no Brasil: foram os alunos do ProUni, da periferia deste País.
Agora estamos fazendo uma outra pequena revolução na educação. Estamos criando outro programa chamado Reuni. O que é o Reuni? Nós estamos passando uma verba a mais para as universidades federais brasileiras e, em contrapartida, as universidades brasileiras, as federais, vão aumentar, de uma média de 12 alunos por professor, para uma média de 18 alunos por professor. Sabem o que significa isso? Mais 400 mil jovens brasileiros na universidade até 2010."
O preconceito contra o Bolsa Família:
"Uma pessoa de um meio de comunicação importante no Brasil, ficou indignada porque uma mulher do Bolsa Família comprou uma geladeira. Obviamente que ela não comprou com o dinheiro do Bolsa Família, mas o dinheiro do Bolsa Família pode ter ajudado a pagar a prestação. Isso porque não fizemos o nosso programa de renovação de geladeira que vamos fazer, se Deus quiser. A imprensa foi lá e entrevistou essa moça. Ela falou: 'não só eu comprei a geladeira, como estou de sandália nova porque eu pude comprar, eu compro sandália para os meus filhos'. Antes do Bolsa Família, tinha mulher que comprava um lápis e partia ao meio para dar para dois filhos ou para dar para dois netos. Hoje, ela se dá o prazer de comprar uma caixa de lápis para cada um. Isso não é investimento? Isso não é distribuição de renda? Isso não é investimento sadio? Então, no Brasil nós ainda temos que mudar determinados conceitos que foram criados ao longo do tempo."
Sobre a inclusão digital:
"Vamos levar para 55 mil escolas públicas urbanas, neste País, internet banda larga. Eu penso que será uma pequena revolução na educação, neste País. Em todas as escolas técnicas já temos laboratórios de informática. Criamos um programa chamado Computador para Todos, que eu acho que vocês conhecem, que diziam que era difícil, não ia dar cento. Hoje, o Brasil está vendendo computador como jamais pensou em vender na sua vida. E vender para as camadas mais pobres, porque nós estamos trabalhando com uma coisa que todo mundo deveria compreender: não é apenas olhar o preço final do produto, é saber se a quantidade de prestações que a pessoa vai pagar cabe dentro do seu salário."
Sobre a explosão da indústria automobilística:
"Por que a indústria automobilística brasileira está explodindo? Eu convivo com a indústria automobilística brasileira desde 1969, fui dirigente sindical desde 1975, presidente do sindicato. Sempre vi a indústria automobilística em crise, fechando em vermelho, não vende, (inaudível) do governo... Qual é o milagre? Dois milagres fundamentais: primeiro, aumentar a renda das pessoas; segundo: aumentar a quantidade de prestações que a pessoa tem que pagar pelo carro, porque se vendia carro para pagar em 24 meses ou em 30 meses, tinha sempre o mesmo segmento da sociedade que podia comprar. Eu tenho na minha cabeça que o povo quer três coisas: casa, casar com uma mulher bonita, e a mulher quer casar com um homem bonito e ter um carro. Carro ainda é uma paixão, hoje repartida com o computador.
O que fez a indústria automobilística? Aumentou a quantidade de prestações, saiu de 36 ou de 24 para 72, para 82. E o que aconteceu? Aconteceu que a indústria automobilística corre o risco de, já no próximo ano, atingir a totalidade da sua capacidade produtiva. Hoje, as pessoas estão esperando 6 meses para comprar um caminhão, se for um caminhão pesado, espera até 9 meses. As pessoas estão na fila para comprar carro. Até ontem, a empresa ia quebrar: 'eu vou embora do Brasil, porque não está dando para vender'."
Governar para os ricos é mais fácil:
"Se eu quiser governar o Brasil para 35 milhões, eu não terei problemas, porque o Brasil tem espaço para 35 ou 40 milhões de brasileiros viverem em padrão de classe média alta européia. Se eu quiser governar só para esses, eu não preciso, realmente, fazer investimento do Estado. Agora, se eu quiser e o Brasil desejar incluir os milhões que estão deserdados, aí, realmente, nós vamos ter que gastar. Eu vou dar um exemplo. Seria importante vocês deixarem dois ou três jornalistas aqui, para andar um pouco no Brasil. Quando criei o programa chamado Luz para Todos, eu tinha uma informação do IBGE, de que no Brasil tinham 10 milhões de pessoas que não tinham energia elétrica. Criamos o programa Luz para Todos. Esse programa já utilizou 460 mil quilômetros de cabos – imaginem quantas vezes a gente poderia ter enrolado a Terra – já colocamos mais de 3 milhões e 600 mil postes, já colocamos mais de 500 mil transformadores e já gastamos mais de 8 bilhões de reais. Oitenta por cento financiado pelo governo federal e 20% pelos estados. Alguns estados não podem pagar e nós pagamos também.
Alguém, analisando apenas com uma visão estritamente econômica, poderia dizer: 'mas isso não é possível, tem que cobrar'. Se cobrar não tem energia, porque as pessoas não têm como pagar. Agora que nós já fizemos, e quase 8 milhões de pessoas já receberam, nós descobrimos que os dados do IBGE estavam errados. Apareceram mais 1 milhão e 564 mil pessoas sem luz, e vamos ter que levar, até 2010, para todo mundo. Custa para o Estado? Custa. Alguém que estivesse discutindo do ponto de vista econômico poderia dizer: 'custa para o estado, é verdade presidente Lula, custa para o Estado'. E eu poderia perguntar: quanto custa para o Estado deixar essa pessoa vivendo no século XVIII quando nos poderíamos trazê-la para o século XIX com um cabo, um poste e um bico de luz? É preciso ter a sensação do que significa chegar a uma casa, encontrar uma família no escuro – uma lata de coca-cola com pavio, a lata cheia de querosene – e as crianças lendo em torno da lata, a fumaceira cobrindo a casa. Aí, você monta o Programa, chama a mulher e aperta uma tomada. Quando a luz acende dentro da casa dela, é como se você tivesse a tivesse transportado do século XVIII para o século XXI, e não há dinheiro que pague. Como custam R$ 4,5 bilhões, que estamos investindo para tentar trazer de volta para a cidadania 4 milhões e 100 mil jovens, de 15 a 24 anos. Ou nós colocamos esse dinheiro, dando uma ajuda para eles e formando-os profissionalmente, ou o narcotráfico e o crime organizado vão oferecer a eles o que o Estado não oferece. Essa guerra eu não quero perder. Eu quero ganhar.
Por isso, quando a gente discutir os gastos do Estado, nós temos que olhar comparando a quê? Alguns países estão prontos há pelo menos 60, 70, 80 anos. Nós precisamos ficar prontos e só ficaremos prontos quando a totalidade dos brasileiros estiver participando desse processo de desenvolvimento do País. Caso contrário, não valeu à pena a gente governar o País se o resultado, no final do mandato, for a gente continuar com a mesma quantidade de gente na classe média, com a mesma quantidade de ricos e com a mesma quantidade de pobres. Eu quero aumentar o número de ricos, quero aumentar o número de gente na classe média e quero acabar com a pobreza neste País. Por isso, para nós é uma questão de honra não abrirmos mão de fazer as políticas sociais que estamos fazendo agora. E vou fazer mais."
CPMF: derrota não paralisa o Governo:
"Vocês sabem que a oposição derrotou o imposto que nós tínhamos sobre transações financeiras. E não derrotou porque era contra o imposto, não, derrotou porque acharam que era demais garantir ao governo do Lula ter 120 bilhões de reais até 2010, e era preciso diminuir. Nós lamentamos. Chorar não choramos, mas lamentamos. Nós tínhamos aprovado um Programa de Saúde que era uma revolução na Saúde, e eu vou implementá-lo. O dinheiro vai aparecer, e podem ficar tranqüilos que eu não vou aumentar tributo e o dinheiro vai aparecer. Podem ficar certos de que nós vamos gastar melhor o que temos que gastar e economizar onde não é essencial, para a gente gastar onde é essencial. Eu tenho um sonho, que é levar médico, levar dentista, levar oftalmologista e levar otorrino dentro das escolas para fazer exame nas crianças, dentro da escola. Eu tinha isso na década de 60. Está certo que nós tínhamos pouca gente na escola, mas na década de 60 o Estado brasileiro oferecia dentista para cuidar dos dentes das crianças. Se vocês andarem pelo Nordeste brasileiro, apesar de tudo que nós já fizemos com o Brasil Sorridente, nós ainda temos muitas meninas e meninos de 18 ou 19 anos sem dentes. Quem vai cuidar disso? A iniciativa privada só vai cuidar disso se essa pessoa tiver renda para pagar. Se ela não tiver, é o Estado que tem que fazer. Na hora em que o Estado cumprir com as suas obrigações, podem ficar certos de que as próprias pessoas vão tratar de exigir que o Estado seja cada vez menos intrometido nas coisas que não precisa se intrometer. Mas sem o Estado não haverá inclusão social neste País, sem o Estado a gente não consegue recuperar um século de descaso com parte da população mais pobre deste País. E é por isso que nós estamos vivendo este momento.
Quero dizer para vocês que vamos crescer mais em 2008, que vamos fazer mais políticas sociais em 2008, que queremos exportar mais em 2008, que queremos importar mais em 2008, que queremos consolidar o Brasil como a principal potência dos combustíveis renováveis, e queremos inserir o Brasil, cada vez mais forte e sólido, neste mundo globalizado. Sabemos que temos que trabalhar muito e sabemos que a única chance que nós temos de chegar lá é nos colocarmos diante do mundo com a seriedade que nós queremos das pessoas."
Reforma tributária:
"Vivo um momento muito importante para o meu País. Eu tenho muita sorte, porque passei 30 anos fazendo oposição e os outros presidentes não tiveram condições de viver este momento. Eu espero, quando deixar o governo, não voltar a ser tão oposição mais, porque eu espero eleger o meu sucessor e espero que este País tenha seqüência. Nós precisamos de, no mínimo, 10 ou 15 anos de crescimento sustentável para que a gente possa recuperar todo o tempo que nós perdemos. É assim que nós vamos governar o Brasil, é assim que nós vamos aprovar a reforma tributária. Podem escrever nas suas matérias, nós vamos aprovar a reforma tributária este ano. A oposição passou oito anos falando em reforma tributária e agora está lá o projeto, é só votar. Podem fazer uma emenda aqui, outra emenda ali, mas vão votar. Uma reforma tributária justa, que diminua a quantidade de impostos que temos neste País, que facilite a vida de quem quer investir, que facilite a vida de quem construir um negócio, que facilite a vida do povo, que reduza a quantidade de tributos e, ao mesmo tempo, que a gente acabe com a guerra fiscal fratricida neste País. Eu acho que nós vamos aprovar, não sei por que eu estou otimista. Espero contar, sobretudo, com o apoio de vocês, empresários brasileiros, conversando com quem vocês conhecem, para a gente aprovar isso."
Esclarecimentos sobre a febre amarela
por Conceição Lemes*
Fim de dezembro de 2007. Surge o primeiro caso suspeito de febre amarela deste verão. Rapidamente, o assunto domina o noticiário. A mídia, por conta própria, decreta: a febre amarela voltou. O auge foi conclamar a população a se vacinar em massa. "Um verdadeiro crime contra a saúde pública brasileira", condena o médico epidemiologista Euclides Castilho, professor titular do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP.
A primeira vez que se cogitou vacinar toda a população foi no final de 1999 e início de 2000. Em Goiás, na Chapada dos Veadeiros, ocorria um grande surto de febre amarela. Ao mesmo tempo, havia alta infestação do mosquito Aedes aegypti em boa parte das cidades brasileiras. O aedes, além de transmitir o vírus da dengue, é o transmissor do vírus da febre amarela urbana.
Após intenso debate com especialistas das nossas principais instituições de pesquisa, o governo optou, como agora, não vacinar os moradores de áreas sem risco. A vacina é eficaz e segura. Porém, ela pode produzir efeitos colaterais, alguns graves; em raros casos, óbitos. No Brasil, há quatro mortes associadas à vacina a partir de 2000. Há fortes indícios de que já exista mais uma. Ocorreu quinta-feira, dia 31 de janeiro, em São Paulo: uma mulher que não precisava se vacinar – ela não pretendia viajar para região de risco – e, ainda, tinha contra-indicações. De 1999 a 2007, foram aplicadas no país cerca de 79,5 milhões de doses. Em janeiro de 2008, aproximadamente 6,3 milhões. Estão disponíveis somente na rede pública de saúde.
"Como a vacina é barata e o Brasil o maior produtor mundial, seria, em tese, mais fácil o Ministério da Saúde ceder à pressão da mídia e determinar a vacinação em massa", observa o médico epidemiologista e pesquisador Cláudio Struchiner, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). "Felizmente, prevaleceram os critérios científicos e tecnológicos."
"Deus me livre, vacinar todo mundo sem necessidade", reforça o infectologista Celso Granato, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Vacina não é como um comprimido de vitamina C, que você toma e elimina o excesso na urina." O infectologista Celso Ferreira Ramos-Filho, professor da UFRJ e presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, é categórico: "O Brasil sempre seguiu à risca as recomendações internacionais para controle e prevenção da febre amarela. O problema é que a mídia fez uma mixórdia tremenda, a começar por confundir a forma urbana com a silvestre."
Ambas são doenças infecciosas, causadas pelo mesmo vírus. A última epidemia de febre amarela urbana aconteceu no Acre em 1942. Já a febre amarela silvestre não voltou por uma simples razão: ela nunca foi embora. É de 1692 o primeiro relato da doença no Brasil; foi um surto na Bahia. "Nem irá nos abandonar", antecipa Castilho. "A menos que se exterminem todos os macacos, o Haemagogus e o Sabethes. Algo totalmente irreal. Afinal, são seres silvestres e fazem parte da natureza."
O Haemagogus e o Sabethes (apenas durante a estação seca) são os mosquitos que transmitem o vírus da febre amarela silvestre ao homem. No país, de 1996 a novembro de 2007, há 349 casos confirmados, com 161 óbitos. O ano de maior incidência foi 2000: 85 casos confirmados, 40 óbitos. De dezembro de 2007 a dia 4 de fevereiro de 2008, há 25 casos confirmados e 13 óbitos. Os dados são da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde (MS).
"Não há epidemia de febre amarela – nem urbana nem silvestre", informa o médico epidemiologista Eduardo Hage Carmo, coordenador de Vigilância Epidemiológica do MS. "Existe uma situação de emergência: temos casos, mas não temos surto." A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) assinam embaixo. "O Brasil está no caminho certo", sustenta o médico epidemiologista Jarbas Barbosa da Silva Jr., gerente da área de Vigilância em Saúde e Manejo de Doenças da OPAS/OMS. "O governo tem que continuar adotando as medidas de controle e prevenção, como já tem feito."
Isso significa:
1) Vacinação de quem realmente precisa vacinar-se. "Incluem-se, aqui, as crianças que residam ou viajam para as áreas de risco", alerta o pediatra Gabriel Oselka, professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP e membro do Comitê Técnico de Imunizações do MS. Atualmente, a vacina faz parte do calendário infantil de vários estados brasileiros (veja mais adiante).
2) Vigilância de morte de macacos, para monitorar a circulação do vírus da febre amarela. Como eles são o "prato" predileto do mosquito transmissor da forma silvestre, funcionam como sentinela. A morte deles é um sinal de alerta, que exige investigação, para evitar casos humanos. Desde 2003, todos os estados têm equipes treinadas para fazer essa vigilância. "É um sistema bastante sensível que tem permitido detectar epizootias (morte de macacos pelo vírus da febre amarela silvestre) e intervir antes que o vírus chegue ao homem, prevenindo epidemias", salienta Ramos.
3) Vigilância dos sintomas. Nas regiões de risco de febre amarela, é obrigatória a notificação como suspeitos dos casos de pessoas com febre alta e icterícia (pele e olhos amarelados) ou febre alta e alguma hemorragia. E, em seguida, investigados, pois há muitas doenças com sintomas semelhantes.
4) Detecção precoce e tratamento dos casos suspeitos.
5) Combate ao Aedes aegypti. "A erradicação ou, pelo menos, a sua diminuição drástica só será possível com a ajuda de toda a população", adverte Struchiner. "Além de lutar contra a dengue, você estará ajudando a evitar a urbanização da febre amarela."
Grande parte da mídia, porém, ignorou essas e outras informações. Gerou a sua "epidemia", provocando desinformação, pânico, filas, vacinações desnecessárias, erradas, entre outros "efeitos colaterais". Por isso, juntamos, aqui, os doutores Euclides Castilho, Jarbas Barbosa da Silva Jr., Celso Ferreira Ramos-Filho, Cláudio Struchiner, Celso Granato, Eduardo Hage Carmo e Gabriel Oselka. Esses sete especialistas nos ajudaram a elaborar este guia para você se proteger – de verdade! - da febre amarela.
Brasil só tem a forma silvestre
Doença infecciosa aguda, de curta duração (no máximo, 10 dias), gravidade variável, causada pelo vírus da febre amarela. Continua a ser importante problema de saúde pública nas Américas e África tropical. Tem dois tipos de transmissão: a silvestre e a urbana. No Brasil, a que existe é a febre amarela silvestre, restrita principalmente às áreas de matas e florestas.
Dos animais para o ser humano
Começando pelo tipo silvestre. O Haemagogus prefere o macaco. Aí, o mosquito, caso esteja infectado, transmite o vírus ao primata, que então se infecta. Assim, um passa o vírus para o outro, sucessivamente. É um ciclo mosquito-macaco-mosquito.
Já o ciclo de transmissão da febre amarela urbana é diferente. Primeiro, o ser humano infectado pelo vírus da febre amarela precisa ser picado pelo Aedes aegypti. Depois, se o mosquito realmente se infectar, o vírus se desenvolve. Mas, só numa picada posterior, a transmissão se completa. Desde que, é claro, essa pessoa nunca tenha entrado em contato com o vírus -- seja naturalmente ou pela vacina. A transmissão pelo Aedes é que a caracteriza. "Febre amarela urbana não significa caso de pessoa que reside na cidade, como muitos pensam", avisa Hage. "No momento, é muito remoto o risco desse tipo no Brasil."
Onde "mora" o perigo

A fonte deste mapa é a Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde. Nele, é possível visualizar todas as áreas de risco de febre amarela silvestre no Brasil. Cada cor corresponde a um tipo de risco:
• Verde significa região endêmica. São os estados onde a circulação do vírus é constante e o risco, permanente; em geral, tem poucos casos, devido à maior vacinação da população. No ambiente silvestre, porém, a reprodução dos mosquitos está mais ligada a um ciclo natural, sazonal. Assim, a cada cinco a oito anos, tem um pico. Foi o que aconteceu em Goiás, em 2000. É o que acontece agora nos estados com casos humanos e mortes de macacos.
• Em vermelho, a área intermediária, ou de transição. Nela, o vírus circula em baixa intensidade, esporadicamente. É uma área de risco médio. Entretanto, ocasionalmente, também pode ter picos, como os observados, em 2001, no Rio Grande do Sul (em macacos), e, em 2001 e 2003, em Minas Gerais (em macacos e humanos).
• Em amarelo, a área de risco potencial. Até o momento, não apresenta circulação de vírus da febre amarela. No entanto, é vulnerável, pois: 1) apresenta características ecológicas semelhantes àquela onde, em 2003, ocorreu o surto em Minas Gerais; 2) é uma região muito próxima da zona de transição. Tanto que, nela, há uma busca sistemática de macacos doentes ou mortos.
• Em azul, a área indene, isto é, sem risco de febre amarela. Além de não haver circulação do vírus, não tem contigüidade com áreas onde ele circula.
Como você pode se infectar
O vírus da febre amarela não se "pega" como o vírus da gripe, por exemplo. A transmissão não é ser humano a ser humano. É preciso um agente intermediário. No caso, os mosquitos transmissores do vírus da febre amarela, principalmente o Haemagogus, o mais freqüente: "O Haemagogus só nos pica quando entramos de bicão no pedaço dele, e ele não tem outro alimento mais apetitoso por perto", fala sério Ramos-Filho. "Aí, o ser humano acidentalmente se infecta, caso não esteja imune." Portanto, tem risco de se infectar quem:
• Reside nas zonas verde, vermelha e amarela do mapa da SVS/MS e não tomou a vacina.
• Viaja para essas mesmas zonas, em qualquer época do ano e não se vacinou.
Sintomas: três a seis dias após a infecção
Nem todas as pessoas infectadas pelo vírus da febre amarela têm sintomas. Nas que apresentam, eles geralmente aparecem três a seis dias após a pessoa ser picada: febre, calafrios, vômitos; dores de cabeça, nas costas e musculares; fadiga e fraqueza. Essa fase pode ser seguida por ligeira melhora, que dura, em média, 24 horas. Porém, nos casos graves, a febre alta e demais sintomas reaparecem acompanhados de hemorragia de gengiva, nariz, estômago, intestino e pele (manchas vermelhas no corpo). Icterícia (pele e olhos ficam amarelados) e presença de proteínas na urina freqüentemente ocorrem nos casos graves. Nos estágios mais avançados, a pessoa pode ter hipotensão, necrose do rim, arritmia cardíaca. Também entrar em coma.
"Não há tratamento específico para a febre amarela", adverte Euclides Castilho. "Os tratamentos são apenas para os sintomas."
Fatal em cerca de 50% dos casos
Entre as pessoas infectadas pelo vírus da febre amarela e que têm sintomas, cerca de 50% morrem. No Brasil, dos 349 casos confirmados de 1996 a novembro de 2007, 161 foram a óbito. Atente à situação, ano a ano (clique no quadro para ampliar):

Vacina, a única prevenção eficaz
Só há uma forma segura de prevenir a febre amarela: vacina. É fabricada com vírus vivo da doença, atenuado, em oito países: Brasil, França, Estados Unidos, Inglaterra, Índia, Rússia, Colômbia e Senegal. São oitos laboratórios, todos pré-qualificados pela OMS. Apenas três produzem para o mercado global, entre eles: Instituto Bio-Manguinhos, da Fiocruz – o maior produtor mundial; e o Instituto Pasteur, na França. A vacina é a mesma. De 1999 a janeiro de 2008, foram aplicadas aproximadamente 85,8 milhões de doses no Brasil. Tem validade de dez anos.
"É uma vacina eficaz e segura", garante Jarbas Barbosa, da OPAS/OMS. Gabriel Oselka frisa: "A eficácia é praticamente de 100%".
Descubra quem deve se vacinar e por quê
Deve ser vacinado quem:
• Ainda não se vacinou e reside em: todos os estados das regiões Norte e Centro-Oeste; todos os municípios do Maranhão e Minas Gerais; municípios do sul do Piauí, oeste e sul da Bahia, norte do Espírito Santo, noroeste de São Paulo e oeste de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
• Vai viajar para esses mesmos lugares por qualquer motivo – negócios, visita a familiares, trabalho, ecoturismo. Importante: a vacina deve ser tomada dez dias antes da viagem, independentemente da época do ano.
• Vai viajar ou procede de países com alto risco de febre amarela, estabelecidos pela OMS.
"Além de estar na agenda de vacinação internacional, a vacina faz parte, desde a década de 1990, do calendário de imunização infantil da região endêmica", informa Eduardo Hage. "A partir de 2004, tornou-se também sistemática para adultos dessa região, assim como para crianças e adultos da área de transição."
Na certa, a esta altura, tem gente objetando: "Se a pessoa reside ou pretende viajar para a área vermelha ou amarela por que se vacinar?"
"Primeiro, você deve se vacinar, sim", rebate Cláudio Struchiner. Por várias razões: 1) Tem risco potencial;
2) Proteger a si próprio de eventual picada por mosquito contaminado;
3) Ajudar a impedir a urbanização da febre amarela.
Uma vez vacinadas, as populações das áreas de transição e de risco potencial funcionam como barreiras de proteção entre a população urbana e a região silvestre, onde a transmissão está se dando. Quanto menos pessoas infectadas pelo vírus da febre amarela nas cidades, menor a probabilidade de os mosquitos urbanos – leia-se Aedes aegypti – se contaminarem e passarem a transmitir a doença. Aí, sim, pode ocorrer a febre amarela urbana.
"Mas eu moro em Brasília, onde o risco é zero. Por que me vacinar?", mais gente deve replicar. "Em Manaus, o risco de febre amarela também é zero. E aí?"
"Realmente, nas cidades citadas o risco é zero. Mas que certeza vocês têm de que nunca irão aos seus arredores, como Pirinópolis, próximo a Brasília?", devolve o desafio Celso Ramos. "Muitas vezes um simples churrasco rural pode ser uma fonte insuspeitada de risco." Não à toa Jarbas Barbosa é taxativo: "Moradores de áreas de risco devem se vacinar, mesmo que vivam em cidades. Muito provavelmente vocês têm eventualmente contato com ambientes silvestres próximos, como chácaras, cachoeiras, rios e áreas de camping".
Atenção às contra-indicações
Como qualquer vacina composta de vírus vivos (mesmo que atenuados) e cultivados em embriões de ovos de galinha, a da febre amarela tem contra-indicações:
• Bebês com menos de seis meses: há risco de encefalite (inflamação do cérebro).
• Pessoas alérgicas, especialmente a ovo: têm risco de reação grave.
• Pessoas com baixa imunidade devido a doenças ou ao tratamento delas. Por exemplo, câncer, transplante de órgãos ou lupus, que exigem remédios imunossupressores, como corticosteróides em altas doses.
• Gestante ou mulher que pretende engravidar: há risco teórico de o vírus da vacina atravessar a placenta e causar encefalite no feto.
"Quanto a pacientes HIV-positivos, não existem dados que permitam uma posição inconteste", informa Ramos. Há relato de um caso de reação indesejada na Tailândia. É preciso, portanto, avaliar caso a caso, pesando risco e benefício.
Reações adversas: leves, as mais comuns
Também como toda vacina fabricada com vírus vivos atenuados, a da febre amarela tem efeitos colaterais. Os mais comuns: dor no local da injeção – é imediata; febre baixa, dor de cabeça e mal-estar – três a oito dias após a vacinação. Atingem 5% a 15% dos vacinados. "As reações mais comuns, portanto, são leves, em sua intensidade", enfatiza Celso Granato.
A vacina pode, ainda, eventualmente causar:
• Asma, urticária e até choque anafilático em pessoas alérgicas a ovo ou outro componente utilizado na preparação da vacina. Ocorre menos de 1 caso por um milhão de vacinados.
• Encefalite. É uma reação grave, temida, mas muito rara. Surge cerca de 12 dias após a aplicação da vacina, e se manifesta por febre, dor de cabeça, irritabilidade, sonolência/torpor/coma e convulsões. É mais comum em bebês com menos de seis meses, daí a contra-indicação para eles. Depende da cepa viral usada. Especificamente a cepa francesa, utilizada na vacina manufaturada no Senegal.
• Simulação de febre amarela. Casos esporádicos têm sido verificados ultimamente, com graves danos aos rins e fígado. Esses casos ocorreram em pessoas com doença do timo (glândula situada em frente à traquéia, muito importante para a produção de substâncias de defesa do organismo) e em indivíduos acima de 65 anos.
"Temos em investigação 47 casos suspeitos de reação à vacina; 21 foram hospitalizados com reações moderadas a graves", informa Eduardo Hage. Qualquer pessoa que toma a vacina e, em dez dias, apresente febre, manchas avermelhadas no corpo ou reações mais graves, como icterícia ou hemorragia, deve ser considerada como caso suspeito de reação adversa. E, aí, só uma investigação laboratorial confirmará, pois os sintomas de reação à vacina podem se confundir com os de várias doenças.
1 óbito para cada 1 milhão de vacinados
O risco de óbito é uma possibilidade remota. Não é exclusividade da vacina contra a febre amarela. Também não é um problema da vacina brasileira. Aconteceu igualmente com a fabricada nos Estados Unidos.
"Num estudo que realizamos em Minas Gerais e Rio Grande do Sul, estimamos a possibilidade de 1 óbito para cada 12 milhões de doses aplicadas", revela Cláudio Struchiner. Já o Ministério da Saúde trabalha com uma probabilidade maior: 1 óbito para cada um milhão de vacinados. "É que levamos em conta o total de doses aplicadas no país e o total de efeitos colaterais relatados à SVS", explica Hage.
Conclusão: só tem sentido vacinar uma população quando o risco de ela se infectar pelo vírus da febre amarela é maior do que o risco de reações adversas graves da vacina. No caso da região indene (em azul, no mapa), seguramente o risco da vacina é maior.
Uma dose a cada dez anos
A vacina contra a febre amarela protege você por dez anos. Portanto, só a cada dez anos, você tem que se revacinar.
"É errado tomar duas, três doses seguidas", adverte Gabriel Oselka. A vacina não é um remédio qualquer. É um produto imunobiológico que contém vírus vivo atenuado. Como o posto de saúde não pode negar a ninguém a vacina, o controle está em suas mãos. Uma dose só, a cada dez anos!
Todos podem ajudar. Faça a sua parte!
Portanto, esta é a realidade hoje:
1) Se você mora ou vai viajar para região de risco de febre amarela, vacine-se se ainda não o fez.
2) Se tem alguma das contra-indicações citadas ou outro problema de saúde, consulte o seu médico ou uma Unidade Básica de Saúde antes de se vacinar. Nesses casos, é preciso colocar na balança o risco e o benefício de cada situação.
3) Se mora em área sem risco, melhor para você. Está livre da vacina. Não caia na armadilha do "se bem não faz, mal também não vai fazer". Em se tratando da vacina contra a febre amarela, isso é uma roubada.
4) Não deixe a água se acumular nos vasinhos de plantas, tampe a caixa d’água, não jogue pneus nem garrafas de refrigerante ou latinhas de cerveja nas ruas. Isso – você sabe muito bem – combate a proliferação do mosquito Aedes aegypti. O benefício é duplo. Você ajuda a diminuir a dengue e a prevenir a urbanização da febre amarela.
Faça a sua parte. Proteja-se de verdade!
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*Conceição Lemes atua há 25 anos como jornalista especializada em saúde. Já ganhou 22 prêmios por reportagens nessa área. Entre eles, o Esso de Informação Científica e José Reis de Jornalismo Científico, concedido pelo CNPq. Conquistou também vários prêmios Abril de Jornalismo, a maioria por matérias publicadas na revista Saúde!, da qual foi repórter, editora-assistente, editora e redatora-chefe. Em 1995, foi com a reportagem "Aids — A Distância entre Intenção e Gesto", publicada pela revista Playboy. O projeto que desenvolveu para essa matéria foi selecionado para apresentação oral na 10ª Conferência Internacional de Aids, realizada em 1994 no Japão. Pela primeira vez um jornalista brasileiro teve o seu trabalho aprovado para esse congresso. Concorreu com cerca de 5 mil trabalhos enviados por pesquisadores de todo o mundo. Aproximadamente 300 foram escolhidos para apresentação oral, sendo apenas dez de investigadores brasileiros. Em conseqüência, foi ao Japão como consultora da Organização Mundial de Saúde.
Fim de dezembro de 2007. Surge o primeiro caso suspeito de febre amarela deste verão. Rapidamente, o assunto domina o noticiário. A mídia, por conta própria, decreta: a febre amarela voltou. O auge foi conclamar a população a se vacinar em massa. "Um verdadeiro crime contra a saúde pública brasileira", condena o médico epidemiologista Euclides Castilho, professor titular do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP.
A primeira vez que se cogitou vacinar toda a população foi no final de 1999 e início de 2000. Em Goiás, na Chapada dos Veadeiros, ocorria um grande surto de febre amarela. Ao mesmo tempo, havia alta infestação do mosquito Aedes aegypti em boa parte das cidades brasileiras. O aedes, além de transmitir o vírus da dengue, é o transmissor do vírus da febre amarela urbana.
Após intenso debate com especialistas das nossas principais instituições de pesquisa, o governo optou, como agora, não vacinar os moradores de áreas sem risco. A vacina é eficaz e segura. Porém, ela pode produzir efeitos colaterais, alguns graves; em raros casos, óbitos. No Brasil, há quatro mortes associadas à vacina a partir de 2000. Há fortes indícios de que já exista mais uma. Ocorreu quinta-feira, dia 31 de janeiro, em São Paulo: uma mulher que não precisava se vacinar – ela não pretendia viajar para região de risco – e, ainda, tinha contra-indicações. De 1999 a 2007, foram aplicadas no país cerca de 79,5 milhões de doses. Em janeiro de 2008, aproximadamente 6,3 milhões. Estão disponíveis somente na rede pública de saúde.
"Como a vacina é barata e o Brasil o maior produtor mundial, seria, em tese, mais fácil o Ministério da Saúde ceder à pressão da mídia e determinar a vacinação em massa", observa o médico epidemiologista e pesquisador Cláudio Struchiner, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). "Felizmente, prevaleceram os critérios científicos e tecnológicos."
"Deus me livre, vacinar todo mundo sem necessidade", reforça o infectologista Celso Granato, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Vacina não é como um comprimido de vitamina C, que você toma e elimina o excesso na urina." O infectologista Celso Ferreira Ramos-Filho, professor da UFRJ e presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, é categórico: "O Brasil sempre seguiu à risca as recomendações internacionais para controle e prevenção da febre amarela. O problema é que a mídia fez uma mixórdia tremenda, a começar por confundir a forma urbana com a silvestre."
Ambas são doenças infecciosas, causadas pelo mesmo vírus. A última epidemia de febre amarela urbana aconteceu no Acre em 1942. Já a febre amarela silvestre não voltou por uma simples razão: ela nunca foi embora. É de 1692 o primeiro relato da doença no Brasil; foi um surto na Bahia. "Nem irá nos abandonar", antecipa Castilho. "A menos que se exterminem todos os macacos, o Haemagogus e o Sabethes. Algo totalmente irreal. Afinal, são seres silvestres e fazem parte da natureza."
O Haemagogus e o Sabethes (apenas durante a estação seca) são os mosquitos que transmitem o vírus da febre amarela silvestre ao homem. No país, de 1996 a novembro de 2007, há 349 casos confirmados, com 161 óbitos. O ano de maior incidência foi 2000: 85 casos confirmados, 40 óbitos. De dezembro de 2007 a dia 4 de fevereiro de 2008, há 25 casos confirmados e 13 óbitos. Os dados são da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde (MS).
"Não há epidemia de febre amarela – nem urbana nem silvestre", informa o médico epidemiologista Eduardo Hage Carmo, coordenador de Vigilância Epidemiológica do MS. "Existe uma situação de emergência: temos casos, mas não temos surto." A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) assinam embaixo. "O Brasil está no caminho certo", sustenta o médico epidemiologista Jarbas Barbosa da Silva Jr., gerente da área de Vigilância em Saúde e Manejo de Doenças da OPAS/OMS. "O governo tem que continuar adotando as medidas de controle e prevenção, como já tem feito."
Isso significa:
1) Vacinação de quem realmente precisa vacinar-se. "Incluem-se, aqui, as crianças que residam ou viajam para as áreas de risco", alerta o pediatra Gabriel Oselka, professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP e membro do Comitê Técnico de Imunizações do MS. Atualmente, a vacina faz parte do calendário infantil de vários estados brasileiros (veja mais adiante).
2) Vigilância de morte de macacos, para monitorar a circulação do vírus da febre amarela. Como eles são o "prato" predileto do mosquito transmissor da forma silvestre, funcionam como sentinela. A morte deles é um sinal de alerta, que exige investigação, para evitar casos humanos. Desde 2003, todos os estados têm equipes treinadas para fazer essa vigilância. "É um sistema bastante sensível que tem permitido detectar epizootias (morte de macacos pelo vírus da febre amarela silvestre) e intervir antes que o vírus chegue ao homem, prevenindo epidemias", salienta Ramos.
3) Vigilância dos sintomas. Nas regiões de risco de febre amarela, é obrigatória a notificação como suspeitos dos casos de pessoas com febre alta e icterícia (pele e olhos amarelados) ou febre alta e alguma hemorragia. E, em seguida, investigados, pois há muitas doenças com sintomas semelhantes.
4) Detecção precoce e tratamento dos casos suspeitos.
5) Combate ao Aedes aegypti. "A erradicação ou, pelo menos, a sua diminuição drástica só será possível com a ajuda de toda a população", adverte Struchiner. "Além de lutar contra a dengue, você estará ajudando a evitar a urbanização da febre amarela."
Grande parte da mídia, porém, ignorou essas e outras informações. Gerou a sua "epidemia", provocando desinformação, pânico, filas, vacinações desnecessárias, erradas, entre outros "efeitos colaterais". Por isso, juntamos, aqui, os doutores Euclides Castilho, Jarbas Barbosa da Silva Jr., Celso Ferreira Ramos-Filho, Cláudio Struchiner, Celso Granato, Eduardo Hage Carmo e Gabriel Oselka. Esses sete especialistas nos ajudaram a elaborar este guia para você se proteger – de verdade! - da febre amarela.
Brasil só tem a forma silvestre
Doença infecciosa aguda, de curta duração (no máximo, 10 dias), gravidade variável, causada pelo vírus da febre amarela. Continua a ser importante problema de saúde pública nas Américas e África tropical. Tem dois tipos de transmissão: a silvestre e a urbana. No Brasil, a que existe é a febre amarela silvestre, restrita principalmente às áreas de matas e florestas.
Dos animais para o ser humano
Começando pelo tipo silvestre. O Haemagogus prefere o macaco. Aí, o mosquito, caso esteja infectado, transmite o vírus ao primata, que então se infecta. Assim, um passa o vírus para o outro, sucessivamente. É um ciclo mosquito-macaco-mosquito.
Já o ciclo de transmissão da febre amarela urbana é diferente. Primeiro, o ser humano infectado pelo vírus da febre amarela precisa ser picado pelo Aedes aegypti. Depois, se o mosquito realmente se infectar, o vírus se desenvolve. Mas, só numa picada posterior, a transmissão se completa. Desde que, é claro, essa pessoa nunca tenha entrado em contato com o vírus -- seja naturalmente ou pela vacina. A transmissão pelo Aedes é que a caracteriza. "Febre amarela urbana não significa caso de pessoa que reside na cidade, como muitos pensam", avisa Hage. "No momento, é muito remoto o risco desse tipo no Brasil."
Onde "mora" o perigo

A fonte deste mapa é a Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde. Nele, é possível visualizar todas as áreas de risco de febre amarela silvestre no Brasil. Cada cor corresponde a um tipo de risco:
• Verde significa região endêmica. São os estados onde a circulação do vírus é constante e o risco, permanente; em geral, tem poucos casos, devido à maior vacinação da população. No ambiente silvestre, porém, a reprodução dos mosquitos está mais ligada a um ciclo natural, sazonal. Assim, a cada cinco a oito anos, tem um pico. Foi o que aconteceu em Goiás, em 2000. É o que acontece agora nos estados com casos humanos e mortes de macacos.
• Em vermelho, a área intermediária, ou de transição. Nela, o vírus circula em baixa intensidade, esporadicamente. É uma área de risco médio. Entretanto, ocasionalmente, também pode ter picos, como os observados, em 2001, no Rio Grande do Sul (em macacos), e, em 2001 e 2003, em Minas Gerais (em macacos e humanos).
• Em amarelo, a área de risco potencial. Até o momento, não apresenta circulação de vírus da febre amarela. No entanto, é vulnerável, pois: 1) apresenta características ecológicas semelhantes àquela onde, em 2003, ocorreu o surto em Minas Gerais; 2) é uma região muito próxima da zona de transição. Tanto que, nela, há uma busca sistemática de macacos doentes ou mortos.
• Em azul, a área indene, isto é, sem risco de febre amarela. Além de não haver circulação do vírus, não tem contigüidade com áreas onde ele circula.
Como você pode se infectar
O vírus da febre amarela não se "pega" como o vírus da gripe, por exemplo. A transmissão não é ser humano a ser humano. É preciso um agente intermediário. No caso, os mosquitos transmissores do vírus da febre amarela, principalmente o Haemagogus, o mais freqüente: "O Haemagogus só nos pica quando entramos de bicão no pedaço dele, e ele não tem outro alimento mais apetitoso por perto", fala sério Ramos-Filho. "Aí, o ser humano acidentalmente se infecta, caso não esteja imune." Portanto, tem risco de se infectar quem:
• Reside nas zonas verde, vermelha e amarela do mapa da SVS/MS e não tomou a vacina.
• Viaja para essas mesmas zonas, em qualquer época do ano e não se vacinou.
Sintomas: três a seis dias após a infecção
Nem todas as pessoas infectadas pelo vírus da febre amarela têm sintomas. Nas que apresentam, eles geralmente aparecem três a seis dias após a pessoa ser picada: febre, calafrios, vômitos; dores de cabeça, nas costas e musculares; fadiga e fraqueza. Essa fase pode ser seguida por ligeira melhora, que dura, em média, 24 horas. Porém, nos casos graves, a febre alta e demais sintomas reaparecem acompanhados de hemorragia de gengiva, nariz, estômago, intestino e pele (manchas vermelhas no corpo). Icterícia (pele e olhos ficam amarelados) e presença de proteínas na urina freqüentemente ocorrem nos casos graves. Nos estágios mais avançados, a pessoa pode ter hipotensão, necrose do rim, arritmia cardíaca. Também entrar em coma.
"Não há tratamento específico para a febre amarela", adverte Euclides Castilho. "Os tratamentos são apenas para os sintomas."
Fatal em cerca de 50% dos casos
Entre as pessoas infectadas pelo vírus da febre amarela e que têm sintomas, cerca de 50% morrem. No Brasil, dos 349 casos confirmados de 1996 a novembro de 2007, 161 foram a óbito. Atente à situação, ano a ano (clique no quadro para ampliar):

Vacina, a única prevenção eficaz
Só há uma forma segura de prevenir a febre amarela: vacina. É fabricada com vírus vivo da doença, atenuado, em oito países: Brasil, França, Estados Unidos, Inglaterra, Índia, Rússia, Colômbia e Senegal. São oitos laboratórios, todos pré-qualificados pela OMS. Apenas três produzem para o mercado global, entre eles: Instituto Bio-Manguinhos, da Fiocruz – o maior produtor mundial; e o Instituto Pasteur, na França. A vacina é a mesma. De 1999 a janeiro de 2008, foram aplicadas aproximadamente 85,8 milhões de doses no Brasil. Tem validade de dez anos.
"É uma vacina eficaz e segura", garante Jarbas Barbosa, da OPAS/OMS. Gabriel Oselka frisa: "A eficácia é praticamente de 100%".
Descubra quem deve se vacinar e por quê
Deve ser vacinado quem:
• Ainda não se vacinou e reside em: todos os estados das regiões Norte e Centro-Oeste; todos os municípios do Maranhão e Minas Gerais; municípios do sul do Piauí, oeste e sul da Bahia, norte do Espírito Santo, noroeste de São Paulo e oeste de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
• Vai viajar para esses mesmos lugares por qualquer motivo – negócios, visita a familiares, trabalho, ecoturismo. Importante: a vacina deve ser tomada dez dias antes da viagem, independentemente da época do ano.
• Vai viajar ou procede de países com alto risco de febre amarela, estabelecidos pela OMS.
"Além de estar na agenda de vacinação internacional, a vacina faz parte, desde a década de 1990, do calendário de imunização infantil da região endêmica", informa Eduardo Hage. "A partir de 2004, tornou-se também sistemática para adultos dessa região, assim como para crianças e adultos da área de transição."
Na certa, a esta altura, tem gente objetando: "Se a pessoa reside ou pretende viajar para a área vermelha ou amarela por que se vacinar?"
"Primeiro, você deve se vacinar, sim", rebate Cláudio Struchiner. Por várias razões: 1) Tem risco potencial;
2) Proteger a si próprio de eventual picada por mosquito contaminado;
3) Ajudar a impedir a urbanização da febre amarela.
Uma vez vacinadas, as populações das áreas de transição e de risco potencial funcionam como barreiras de proteção entre a população urbana e a região silvestre, onde a transmissão está se dando. Quanto menos pessoas infectadas pelo vírus da febre amarela nas cidades, menor a probabilidade de os mosquitos urbanos – leia-se Aedes aegypti – se contaminarem e passarem a transmitir a doença. Aí, sim, pode ocorrer a febre amarela urbana.
"Mas eu moro em Brasília, onde o risco é zero. Por que me vacinar?", mais gente deve replicar. "Em Manaus, o risco de febre amarela também é zero. E aí?"
"Realmente, nas cidades citadas o risco é zero. Mas que certeza vocês têm de que nunca irão aos seus arredores, como Pirinópolis, próximo a Brasília?", devolve o desafio Celso Ramos. "Muitas vezes um simples churrasco rural pode ser uma fonte insuspeitada de risco." Não à toa Jarbas Barbosa é taxativo: "Moradores de áreas de risco devem se vacinar, mesmo que vivam em cidades. Muito provavelmente vocês têm eventualmente contato com ambientes silvestres próximos, como chácaras, cachoeiras, rios e áreas de camping".
Atenção às contra-indicações
Como qualquer vacina composta de vírus vivos (mesmo que atenuados) e cultivados em embriões de ovos de galinha, a da febre amarela tem contra-indicações:
• Bebês com menos de seis meses: há risco de encefalite (inflamação do cérebro).
• Pessoas alérgicas, especialmente a ovo: têm risco de reação grave.
• Pessoas com baixa imunidade devido a doenças ou ao tratamento delas. Por exemplo, câncer, transplante de órgãos ou lupus, que exigem remédios imunossupressores, como corticosteróides em altas doses.
• Gestante ou mulher que pretende engravidar: há risco teórico de o vírus da vacina atravessar a placenta e causar encefalite no feto.
"Quanto a pacientes HIV-positivos, não existem dados que permitam uma posição inconteste", informa Ramos. Há relato de um caso de reação indesejada na Tailândia. É preciso, portanto, avaliar caso a caso, pesando risco e benefício.
Reações adversas: leves, as mais comuns
Também como toda vacina fabricada com vírus vivos atenuados, a da febre amarela tem efeitos colaterais. Os mais comuns: dor no local da injeção – é imediata; febre baixa, dor de cabeça e mal-estar – três a oito dias após a vacinação. Atingem 5% a 15% dos vacinados. "As reações mais comuns, portanto, são leves, em sua intensidade", enfatiza Celso Granato.
A vacina pode, ainda, eventualmente causar:
• Asma, urticária e até choque anafilático em pessoas alérgicas a ovo ou outro componente utilizado na preparação da vacina. Ocorre menos de 1 caso por um milhão de vacinados.
• Encefalite. É uma reação grave, temida, mas muito rara. Surge cerca de 12 dias após a aplicação da vacina, e se manifesta por febre, dor de cabeça, irritabilidade, sonolência/torpor/coma e convulsões. É mais comum em bebês com menos de seis meses, daí a contra-indicação para eles. Depende da cepa viral usada. Especificamente a cepa francesa, utilizada na vacina manufaturada no Senegal.
• Simulação de febre amarela. Casos esporádicos têm sido verificados ultimamente, com graves danos aos rins e fígado. Esses casos ocorreram em pessoas com doença do timo (glândula situada em frente à traquéia, muito importante para a produção de substâncias de defesa do organismo) e em indivíduos acima de 65 anos.
"Temos em investigação 47 casos suspeitos de reação à vacina; 21 foram hospitalizados com reações moderadas a graves", informa Eduardo Hage. Qualquer pessoa que toma a vacina e, em dez dias, apresente febre, manchas avermelhadas no corpo ou reações mais graves, como icterícia ou hemorragia, deve ser considerada como caso suspeito de reação adversa. E, aí, só uma investigação laboratorial confirmará, pois os sintomas de reação à vacina podem se confundir com os de várias doenças.
1 óbito para cada 1 milhão de vacinados
O risco de óbito é uma possibilidade remota. Não é exclusividade da vacina contra a febre amarela. Também não é um problema da vacina brasileira. Aconteceu igualmente com a fabricada nos Estados Unidos.
"Num estudo que realizamos em Minas Gerais e Rio Grande do Sul, estimamos a possibilidade de 1 óbito para cada 12 milhões de doses aplicadas", revela Cláudio Struchiner. Já o Ministério da Saúde trabalha com uma probabilidade maior: 1 óbito para cada um milhão de vacinados. "É que levamos em conta o total de doses aplicadas no país e o total de efeitos colaterais relatados à SVS", explica Hage.
Conclusão: só tem sentido vacinar uma população quando o risco de ela se infectar pelo vírus da febre amarela é maior do que o risco de reações adversas graves da vacina. No caso da região indene (em azul, no mapa), seguramente o risco da vacina é maior.
Uma dose a cada dez anos
A vacina contra a febre amarela protege você por dez anos. Portanto, só a cada dez anos, você tem que se revacinar.
"É errado tomar duas, três doses seguidas", adverte Gabriel Oselka. A vacina não é um remédio qualquer. É um produto imunobiológico que contém vírus vivo atenuado. Como o posto de saúde não pode negar a ninguém a vacina, o controle está em suas mãos. Uma dose só, a cada dez anos!
Todos podem ajudar. Faça a sua parte!
Portanto, esta é a realidade hoje:
1) Se você mora ou vai viajar para região de risco de febre amarela, vacine-se se ainda não o fez.
2) Se tem alguma das contra-indicações citadas ou outro problema de saúde, consulte o seu médico ou uma Unidade Básica de Saúde antes de se vacinar. Nesses casos, é preciso colocar na balança o risco e o benefício de cada situação.
3) Se mora em área sem risco, melhor para você. Está livre da vacina. Não caia na armadilha do "se bem não faz, mal também não vai fazer". Em se tratando da vacina contra a febre amarela, isso é uma roubada.
4) Não deixe a água se acumular nos vasinhos de plantas, tampe a caixa d’água, não jogue pneus nem garrafas de refrigerante ou latinhas de cerveja nas ruas. Isso – você sabe muito bem – combate a proliferação do mosquito Aedes aegypti. O benefício é duplo. Você ajuda a diminuir a dengue e a prevenir a urbanização da febre amarela.
Faça a sua parte. Proteja-se de verdade!
__________
*Conceição Lemes atua há 25 anos como jornalista especializada em saúde. Já ganhou 22 prêmios por reportagens nessa área. Entre eles, o Esso de Informação Científica e José Reis de Jornalismo Científico, concedido pelo CNPq. Conquistou também vários prêmios Abril de Jornalismo, a maioria por matérias publicadas na revista Saúde!, da qual foi repórter, editora-assistente, editora e redatora-chefe. Em 1995, foi com a reportagem "Aids — A Distância entre Intenção e Gesto", publicada pela revista Playboy. O projeto que desenvolveu para essa matéria foi selecionado para apresentação oral na 10ª Conferência Internacional de Aids, realizada em 1994 no Japão. Pela primeira vez um jornalista brasileiro teve o seu trabalho aprovado para esse congresso. Concorreu com cerca de 5 mil trabalhos enviados por pesquisadores de todo o mundo. Aproximadamente 300 foram escolhidos para apresentação oral, sendo apenas dez de investigadores brasileiros. Em conseqüência, foi ao Japão como consultora da Organização Mundial de Saúde.
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