domingo, 27 de abril de 2008

História e novidades do MSM

(por Eduardo Guimarães, fundador do MSM, em seu blog Cidadania.com)


Antes de comunicar a vocês uma novidade, quero explicar àqueles que começaram a ler este blog há pouco tempo alguma coisa sobre a ONG Movimento dos Sem Mídia.

O Movimento nasceu informalmente neste blog no início de setembro do ano passado. O país vivia um momento de grande tensão. Na semana em que propus aqui um ato público que originaria o MSM, repórteres fotográficos da Globo tinham conseguido perscrutar os lep tops dos ministros do Supremo Tribunal Federal reunidos em sessão no plenário daquela instituição para julgarem os que foram denunciados à Justiça por conta do escândalo do mensalão, entre os quais figurava o ex-ministro José Dirceu.

A gota d'água para que eu e os leitores deste blog consensuássemos que alguma coisa precisava ser feita para manifestar publicamente quantos setores da sociedade não suportavam mais a verdadeira chacota que a grande mídia estava fazendo do país, foi a declaração do ministro da Suprema Corte Ricardo Lewandovsky de que a instituição que integrava tinha votado com "faca no pescoço" pela aceitação de boa parte das denúncias do procurador-geral da República.

A cada post que eu escrevia, explodia o número de comentários indignados e essa indignação se espalhava pela blogosfera. Foi então que, no dia primeiro de setembro de 2007, escrevi um texto intitulado "Isso tem que parar", e publiquei aqui. O texto exortava os leitores do Cidadania a tomarem uma atitude.

Propus que nos cotizássemos para comprar um megafone para irmos para diante de um grande meio de comunicação ler um Manifesto, que me propus a escrever e o qual submeti ao escrutínio dos leitores do Cidadania. E propus que a manifestação fosse no décimo-quinto dia do mês, um sábado, às dez horas da manhã diante da sede do jornal Folha de São Paulo.

Enquanto os dias passavam, espalhava-se pela blogosfera a notícia de que um grupo de internautas reunidos em um blog, sob convocação do blogueiro responsável (eu) faria um tipo de ato solene que, até então, não acontecia desde, talvez, o momento imediatamente posterior ao suicídio de Getúlio Vargas, quando a população se revoltou contra meios de comunicação que o fustigaram até o desespero, ao ponto de terem provocado seu suicídio.

Nos dois ou três dias anteriores ao ato público, jornalistas como Luis Carlos Azenha (Vi o Mundo), Paulo Henrique Amorim (Conversa Afiada), Renato Rovai (revista Fórum), Ricardo Kauffman (Terra), a revista Caros Amigos, o Jornal Hora do Povo, o Portal Imprensa, o site Vermelho e muitos outros cobriam intensamente cada passo, cada preparativo para o ato diante da Folha.

Ao ato propriamente dito acorreram quase duas centenas de pessoas, algumas provenientes de outras cidades e até de outros Estados, como Santa Catarina e Rio de Janeiro. Alguns levaram os filhos pequenos, outros levaram pais idosos, outros mais mandaram fazer camisetas e faixas com bordões previamente acordados aqui no blog. Foi uma manifestação solene e, ao mesmo tempo, alegre. E, sobretudo, civilizada.

À partir das 10 horas daquela manhã ensolarada de sábado, as pessoas foram chegando e se juntando na calçada oposta àquela em que fica a sede da Folha, na Alameda Barão de Limeira, em São Paulo. Quando a larga calçada já não comportava mais gente, anunciei ao megafone que seria lido o Manifesto. Uma jornalista do veículo desceu com um fotógrafo e registraram tudo. A Folha deu uma nota de meia dúzia de linhas ao pé de uma extensa reportagem sobre um outro ato público, só que contra o governo Lula, que aconteceu no mesmo dia e reuniu a mesma quantidade de gente.

Os dias foram passando e, diante dos acontecimentos, propus aos leitores deste blog que transformássemos a atitude que tínhamos dado numa ação permanente da sociedade civil criando uma ONG, que chamaríamos de Movimento dos Sem Mídia. E convoquei uma assembléia constitutiva da ONG, que ocorreu em 13 de outubro do ano passado, menos de um mês depois do ato diante da Folha. Naquele dia, a ONG nasceu oficialmente.

Ainda fizemos outro ato público diante da sede das Organizações Globo em São Paulo e uma plenária com integrantes da ONG no Rio de Janeiro. E, no mês passado, o MSM protocolou na sede do Ministério Público Federal no Estado de São Paulo Representação contra vários meios de comunicação por terem promovido alarma social no caso da epidemia inexistente de febre amarela que, em janeiro deste ano, aqueles veículos venderam à população que estaria acontecendo no país.

Fui informado hoje (sexta-feira) à tarde, pela assessoria jurídica do MSM, de que a Representação ao Ministério Público Federal em 17 de março deste ano teve novo andamento. Receberei na próxima segunda-feira fotocópias do que foi acrescido ao processo investigativo aberto pelo MPF para investigar se Globo, Folha, Estadão, Veja, Isto É, Jornal do Brasil e Correio Brasiliense cometeram crime de alarma social, levando cidadãos a se vacinarem contra a febre amarela sem necessidade, o que provocou adoecimento e internação hospitalar de dezenas de pessoas e ao menos uma morte. Então reproduzirei esses documentos aqui.

Também quero anunciar que o site do MSM está em fase de conclusão. Devido às dificuldades financeiras que tem uma ONG ainda nascitura, tive que me virar, por conta de minhas obrigações como presidente, para conseguir fazer o site dentro de nossas limitações orçamentárias. Graças ao diretor da ONG Ricardo Veronez, que é webdesigner, pudemos fazer o site, até agora, sem grandes custos. Até meados de maio, portanto, deverá entrar no ar o site do MSM.

Essa é a história que uma entidade da sociedade civil está escrevendo. Essa centena e meia de homens e mulheres de todo pais filiados ao MSM e que contribuem para sua sobrevivência, com sua fé na causa que os convoquei a abraçarmos, honraram-me elegendo-me presidente da organização. Meu mandato terminará em cerca de um ano e meio e, até lá, quero entregar, pronto e acabado, um instrumento da sociedade civil com site, atos, uma biblioteca própria, uma sede e recursos para que a sociedade possa reagir aos abusos da mídia.

Observação: o marco inicial do MSM, com fotos e detalhes, pode ser encontrado no arquivo deste blog na data 15 de setembro. Para acessar esses arquivos, clique aqui.

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