sexta-feira, 7 de março de 2008

Mídia colombina

(Fonte: Fazendo Media)


Carlos Latuff fez este desenho durante encontro com o vice-ministro de Relações Exteriores da Venezuela, no Rio. Com um detalhe: uma semana antes de o narco-presidente Álvaro Uribe, apoiado pelo regime terrorista de Bush, violar a soberania do Equador e assassinar 18 guerrilheiros das Farc, incluindo Raul Reyes, porta-voz que negociava nova libertação de reféns. Mas para as corporações de mídia brasileiras, a culpa é do Chávez. Não deve ser à toa que o repórter da TV Globo informa de Buenos Aires o que acontece na fronteira norte do Brasil.

É muito mais cômodo - e interessante aos desígnios do império - tratar as Farc como um bando de traficantes e assassinos sanguinários. Embora televisões na Europa tenham divulgado entrevistas do próprio Raul Reyes e outros integrantes das Farc, aqui no Brasil o público nem mesmo tem esse direito. Deve acreditar no que diz a mídia que apoiou a ditadura de 64 e ponto. Talvez para evitar que a gente descubra que o objetivo das Farc é político: "Buscamos a pátria grande e o socialismo. Queremos uma nova Colômbia, queremos justiça social", disse Reyes ao Canal Nova, da Holanda, no final do ano passado.

Não acreditar no que diz Reyes é muito diferente de impedir a veiculação de sua mensagem. Mas é justamente este o procedimento ditatorial dessa mídia que se diz democrática; não apenas com Reyes, mas com os movimentos sociais, com as discussões sobre uma outra política econômica possível ou nas áreas de cultura e educação, entre outras. Toda proposta que busca a transformação do sistema é prontamente silenciada.

Até as crianças colombianas sabem que o governo Uribe é financiado pelo narcotráfico e sustentado pelos terroristas de Washington, mas não o povo brasileiro. Aliás, até uma universidade estadunidense já divulgou documentos que mostram essas ligações. Veja, não é uma universidade venezuelana, mas estadunidense! A cobertura da mídia brasileira é tão vergonhosa, mas tão vergonhosa, que a "reportagem" do Jornal da Globo de ontem classificou as Farc como grupo terrorista, o que nem o governo brasileiro faz. Mas isso é compreensível. Desde que nasceu, a Globo esteve vinculada a Washington e, se o regime terrorista de Bush (que já matou diretamente milhares de pessoas no Iraque e Afeganistão e outras tantas indiretamente ao redor do mundo) classifica as Farc como terroristas, isto é suficiente.

Mais uma vez é preciso afirmar: o cidadão que se informa exclusivamente pela mídia terrorista jamais compreenderá a realidade que o cerca.

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